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Flu luta, vê jogo esfarelar em um lance e cai diante do Cruzeiro no Mineirão

Henrique Rafael Sobis Fluminense Cruzeiro 2017 Mineirão

Henrique Rafael Sobis Fluminense Cruzeiro 2017 Mineirão

Não é difícil relembrar jogos nos quais o Fluminense ameaçou alçar voo no Campeonato Brasileiro e ficou pelo caminho. A equipe desenvolve bem o jogo, consegue rivalizar com o adversário, mas em um momento vê o castelo se esfarelar e a derrota chegar. Foi assim nos duelos da Copa Sul-Americana contra o Flamengo, por exemplo. Jogos que escorreram entre os dedos num piscar de olhos. Foi assim no Mineirão, na derrota de 3 a 1 diante do Cruzeiro neste domingo. Um resultado que consolidou as pretensões tricolores no Brasileiro. É bem difícil imaginar com algo além da fuga do rebaixamento.

Abel Braga parece ter encontrado o seu jogo favorito no fim de temporada. O 4-3-3 tricolor parece funcionar bem com as peças que tem à disposição. Postura ofensiva, duelo de cabeça erguida com o adversário. E uma formatação ao 4-1-4-1 quando atacado. Acontece que entre uma postura e outro o Fluminense ainda encontra dificuldades para preencher todo o campo, evitar espaços ao adversário, negar oportunidades.

Cruzeiro no início: Thiago Neves no campo todo

Com isso, o Cruzeiro de Mano Menezes e seu tradicional 4-2-3-1 soube trabalhar bastante com as possibilidades que encontrou. Principalmente por Thiago Neves. Já veterano, o meia não tem o vigor elétrico de tempos idos, quando carregava as equipes no colo. Mas ainda mostra força. Com espaço, ele soube voltar e avançar no meio de campo sem ser muito incomodado pelos tricolores. Com Robinho e Rafinha nas pontas, o Cruzeiro tinha boa saída pelos lados, principalmente com Diogo Barbosa, lateral em boa forma e que tem em seus pés boa criatividade.

Pesa contra o Cruzeiro apenas a má forma de Rafael Sobis. Assim como Thiago Neves, é um jogador que teve seu brilho intenso no passado. Mas, ao contrário do camisa 30, não consegue mais ajudar tanto. Lento, sem a mobilidade que lhe caracterizou nos tempos de Internacional e Fluminense, Sobis é alvo fácil de acompanhar para os zagueiros. E o Tricolor tinha Gustavo Scarpa, enfim, lembrando os belos tempos.

Flu no início: Scarpa em bons momentos

O camisa 10 começou a temporada a mil, brilhando em jogos no Carioca e na Copa do Brasil. Mas a fratura no pé na semifinal da Taça Guanabara o afastou dos gramados e da boa forma. No Mineirão, porém, Scarpa deixou a irregularidade recente para trás e começou a partida com o Fluminense debaixo da asa. Carregou o time à frente, explorando muito bem as costas de Diogo Barbosa pela direita e cortando para o centro, em busca de uma enfiada de bola ou de um chute. Foi numa dessas tentativas logo com poucos minutos que ele conseguiu o misto dos dois, sem querer. Errou um chute rasteiro, que serviu como assistência para Pedro, no meio dos zagueiros celestes, abrir o placar. 1 a 0.

Vantagem rápida do Tricolor. Mas é o velho problema. O Fluminense agride, mas também permite ser agredido. O jogo foi franco. Livre, leve e solto neste fim de temporada, sem objetivos claros, o Cruzeiro nada lembra o time até acovardado dos jogos da final da Copa do Brasil contra o Flamengo. Lançou também ao ataque. Trocou a bola de um lado para o outro e arriscou. Assim, uma tabela entre Thiago Neves e Lucas Romero resultou no chute do argentino, com leve desvio em Henrique, mas o suficiente para vencer Cavalieri, no ângulo direito. 1 a 1.

A saída de jogo era chave na partida. Passava pelos volantes com qualidade, sem característica apenas de marcação. Apenas Marlon Freitas, no Fluminense, tinha a função de ficar mais plantado. Lucas Silva e Lucas Romero, do lado celeste, e Wendel e Douglas, do lado tricolor, apareciam próximos ou dentro da área com tanto espaço no meio. Não havia, então, tanta necessidade de um jogo pelas pontas, buscando apenas cruzamentos. Passava meio pela faixa central. Em uma arranca de Scarpa, ele deixou Wendel livre, na frente de Fábio, mas o volante bateu fraco e perdeu chance clara. Um bom lance que mostrou como a primeira etapa era equilibrada, até animada.

Cruzeiro ao fim; um a mais, Thiago Neves sem retornar

A segunda seria ainda mais. Posicionado mais à frente ainda, o Cruzeiro passou a tramar espaços pelos lados. Robinho bateu forte da ponta, Cavalieri deu rebote e Thiago Neves quase fez. No lance seguinte, o marco da partida. Thiago Neves tentou driblar Marlon e o lateral tricolor viu a sua mão tocar na bola. É impossível precisar se a atitude foi deliberado, com ambos em movimento e o deslocar dos braços. André Luiz Freitas Castro sabia disso. E titubeou ao dar o segundo cartão amarelo para Marlon. Acabou pressionado por cruzeirenses e convencido pelo auxiliar atrás do gol de que era possível garantir o ato deliberado. Com essa certeza sem sentido, o jogador tricolor foi expulso. E o jogo acabou.

Não só devido à expulsão, mas porque na cobrança de falta de Thiago Neves a bola passou por toda a zaga tricolor e encontrou Diogo Barbosa na frente de Cavalieri. No resvalar, 2 a 1. E fim de partida. Parece exagero, mas, de fato, o jogo encerrou ali. Não havia mais forças para o Fluminense manter o um duelo equilibrado com um jogador e um gol a menos. Atônito, o time se lançou ao ataque e errou demasiadamente. Caso de Douglas, ao recuar a bola nos pés de Sobis. Para sorte tricolor, o atacante confirmou a péssima fase ao perder chance fácil diante de Cavalieri.

Flu ao fim: um a menos e pouca força

Caberia a Abel simplesmente fechar o time para evitar um maior desastre. Mas o técnico tricolor tem o mérito de, ao menos, não abdicar do ataque mesmo em situações adversas. Para sua infelicidade, o time continuava muito exposto e uma linha de passe iniciada na lateral esquerda, com Diogo Barbosa, terminou na grande área com o gol fácil de Thiago Neves. 3 a 1. Abel tornou o time mais ofensivo. Trocou Wendel por Matheus Alessandro, tentando a cartada dos dois últimos jogos. Velocidade e explosão nas costas do lateral-esquerdo rival. Mas rapidamente teve de sacar Scarpa, improvisado de lateral, para colocar Léo, já que o Cruzeiro explorava bem o setor. Wellington Silva substituiu Marcos Junior e a dez minutos do fim e o Fluminense, enfim, se rendeu. Não seria mais possível arrancar pontos no Mineirão. O Cruzeiro, com Thiago Neves exausto na frente, apenas administrou com jovens em campo.

Uma estrada arriscada trilhada pelo Tricolor. Mas os 43 pontos indicam sete acima da zona de rebaixamento e sete abaixo do primeiro classificado para a Libertadores no momento, o sétimo colocado, o rival Flamengo. A quatro rodadas do fim da grande procissão, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. O Fluminense composto em sua maioria por jovens em 2017 luta, guerreia, mas faltam forças para pensar em algo melhor para este ano do que fuga da degola. A não ser que o G-9 se materialize.

FICHA TÉCNICA:
CRUZEIRO 3X1 FLUMINENSE

Local: Mineirão
Data: 12 de novembro de 2017
Horário: 19h
Árbitro: André Luiz Freitas Castro (GO)
Público e renda: 6.530 pagantes / 8.644 presentes / R$ 102.844,00
Cartões amarelos: Murilo, Lucas Romero e Robinho (CRU) e Renato Chaves e Matheus Alessandro (FLU)
Cartão vermelho: Marlon (FLU), aos nove minutos do segundo tempo
Gols: Pedro (FLU), aos cinco minutos e Lucas Romero (CRU), aos 16 minutos do primeiro tempo; Diogo Barbosa (CRU), aos 11 minutos e Thiago Neves (CRU), aos 26 minutos do segundo tempo

CRUZEIRO: Fábio; Ezequiel, Digão, Murilo e Diogo Barbosa; Lucas Silva e Lucas Romero; Robinho (Alisson, 39’/2T), Thiago Neves e Rafinha (Messidoro, 44’/2T); Rafael Sobis (Jonata, 20’/2T)
Técnico: Mano Menezes

FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Lucas, Renato Chaves, Henrique e Marlon; Marlon Freitas, Wendel (Matheus Alessandro, 28’/2T) e Douglas; Gustavo Scarpa (Léo, 29’/2T), Pedro e Marcos Junior (Wellington Silva, 33’/2T)
Técnico: Abel Braga

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