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Gigante, corajoso e imortal: Vasco é o primeiro finalista da Taça Guanabara

Lucas Mineiro Vasco camisa homenagem semifinal Taca Guanabara 2019

(Flickr / Vasco)

Vasco semifinal Taça Guanabara 2019 Castan Marrony

(Flickr / Vasco)

Em algumas décadas haverá quem se lembre deste 13 de fevereiro de 2019. Foi um daqueles dias em que um clube justificou a sua grandiosidade. Respeitou a sua essência. Campo adentro, o Club de Regatas Vasco da Gama levou no peito e Cruz de Malta e…o rival. Ali, em meio aos uniformes dos jogadores, uma bandeira rubro-negra tremulava ao lado de outra, vascaína. Símbolo de união diante da tragédia do Ninho do Urubu. Conceder ao maior rival um espaço entre suas cores é atitude digna de um capítulo novo no Clássico dos Milhões. Digna de um Gigante. Agora finalista da Taça Guanabara após a vitória de 3 a 0 sobre o Resende.

Vasco no início: seguro, com saídas rápidas e Cáceres forte à direita

Em sua galeria dourada, o Vasco ostenta orgulhos tais como ser o clube a abrir espaço para os negros no futebol brasileiro. Construiu com o esforço de sua gente o próprio território, São Januário. Por anos a fidalguia vascaína acabou sufocada diante de um autodeclarado rei que pensou ter tomado o reino da Colina para si. Promoveu tempos de glória, mas protagonizou o caminho da desgraça que fez baixar sobre São Januário uma sombra que causava aversão aos rivais. Trabalhou pela divisão. Ter um rival era insuficiente. Era necessário odiá-lo. Um clube triste, amargurado. Irreconhecível.

Resende no início: tentativa de jogar no campo vascaíno

Pois agora o dono da sombra parece um pouco mais longe dos mares navegados pela caravela cruzmaltina. Tempo de retomar a imagem pelo mundo. Um Vasco solidário a tragédias rivais. Sem rancor, ofereceu o peito como abrigo ao Flamengo. Gesto corajoso para os dias atuais. Além dos resmungos externos, parece óbvio o terremoto interno de quem insiste em habitar o início do século passado. Ainda assim, de peito estufado, esteve em campo o Vasco da Gama com sinais rubro-negros. Sem ódio. Bafejado pelos ventos atuais. Com a alma livre.

Vasco no início: seguro, com saídas rápidas e Cáceres forte à direita

A dose pareceu tornar até mesmo o Vasco de Alberto Valentim mais leve. Entrou em campo sem a insegurança do confronto com o Juazeirense, pela Copa do Brasil. Ao contrário. Trajado de preto como em grandes momentos da sua História, o Vasco teve o apoio de pouco mais de oito mil torcedores, resistentes até à confusão da federação com a prefeitura. O vendaval não assolou ao Maracanã. O que se viu foi um Vasco feliz. Orgulhoso de si não só pela bola, pela classificação. Mas, sim, pelo retorno sua alma. Em paz.

Resende ao fim: quatro atacantes e lançado ao ataque

Háverá outros dias em que nos debruçaremos sobre análises táticas, técnicas, mentais. Sobre os gols de Lucas Mineiro, Yago Pikachu e Marrony. A tentativa do Resende em jogar o campo vascaíno, cruzar os bigodes como se grande fosse até levar o baque. É, porém, o momento de celebrar um sinal raro nos últimos tempos. Em um clássico geralmente marcado pelo pavor que o ódio pode gerar, com brigas em vão que também criam tragédias e levam vidas, viu-se ali a manifestação de um rival a outro desde o primeiro minuto da tragédia. Uma oferta de ombro aos rubro-negros combalidos pela sombra que os engoliu há quase uma semana. Treinos cancelados, manifestações públicas. Uma sequência de gestos até culminar no abraço definitivo, com o rubro-negro se fundindo, literalmente, no peito vascaíno. Na dor, a fé de que uma nova compreensão seja possível sobre o futebol. Gigante. Corajoso. Seguro. Dez corações infantis tornaram-se eternos na tragédia do Ninho do Urubu. No Maracanã, com o peito rubro-negro por uma noite, o Vasco justificou por que sempre será imortal.

FICHA TÉCNICA
VASCO 3X0 RESENDE

Local: São Januário
Data: 13 de fevereiro de 2019
Horário: 21h30
Árbitro: Rodrigo Nunes de Sá (RJ)
Público e renda: 8.367 pagantes / 9.184 presentes / R$ 226.080,00
Cartões Amarelos: Jeaderson e Vitinho (RES)
Gols: Lucas Mineiro (VAS), aos 14 minutos e Lucão (RES), aos 33 minutos do primeiro tempo e Marrony (VAS), aos 17 minutos do segundo tempo

VASCO: Fernando Miguel, Raúl Cáceres, Werley (Luiz Gustavo, 34’/2T), Leandro Castán e Danilo Barcelos; Raul (Bruno Cesar, 25’/2T) e Lucas Mineiro; Yago Pikachu (Lucas Santos, 26’/2T), Thiago Galhardo e Marrony; Maxi López
Técnico: Alberto Valentim

RESENDE: Ranule, Filipi, Rahyne, Lucão e Jeanderson; Joseph (Zambi, 24’/2T), Léo Silva, Vitinho (Jackson, 37’/2T) e Arthur Faria; Davi Ceará (Valdeci / Intervalo) e Maxwell
Técnico: Josué Teixeira

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