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Na arquibancada do Maracanã, Abel e um silêncio que preencheu

Abel Braga Maracanã 2017

Abel Braga Maracanã 2017

Costumavam contar os mais vividos que o Maracanã viveu seu maior silêncio na derrota de 1950 para o Uruguai, logo após o gol de Ghiggia. Um prender de fôlego coletivo quase palpável de tão impactante. Momentos que se tornam históricos sem uma palavra dita. Neste sábado, o Maracanã viveu outro silêncio absoluto, intenso e muito palpável. Em respeito à memória de João Pedro Braga, filho do técnico do Fluminense, quase 30 mil pessoas se calaram no estádio. Um silêncio que preencheu. Confortou. Solidário.

À beira do gramado, depois de ser reverenciado com os gritos de Abelão guerreiro, o técnico do Fluminense lutava contra os próprios sentimentos naquele misto de gratidão e tristeza pela perda precoce do seu menino. Tentava em vão segurar lágrimas e prendia o choro aberto como uma criança. Logo ele, o Abelão, comandante dos meninos tricolores, tentava se recompor depois da perda do seu garoto.

É bravo, o Abel. Geralmente com os olhos esbugalhados, a cara fechada, os braços cruzados à beira do gramado, personificando o espírito da arquibancada, o técnico evitou esconder seu sofrimento. Sabia que seria em vão. Deixou-se abraçar, acolheu os carinhos como plataforma para seguir em frente. Ainda em um transe, o técnico reconhece que não sabe o que sentir, falar neste momento. Talvez, mesmo, nunca saiba. Mas nos diz muito.

Observar um pai dias após perder o filho de maneira tão trágica à beira do gramado, empurrando todos à frente é uma lição. Em tempos de clichês, frases de autoajuda, a maneira de Abel encarar uma rasteira da vida é impactante. Gera reflexão e comoção capazes de calar um estádio com 30 mil vozes minutos antes de um jogo, raridade. Não por um gol como o de 1950. Mas por um sentimento único, de compaixão pelo sofrimento de quem doa tanta alma ao que mais gosta. A troca de energia com a arquibancada continuou. Ah, sim, houve ainda um jogo no Maracanã. 3 a 1 do Fluminense sobre o Atlético-GO. Mas, neste sábado, isso foi o de menos. Era uma noite de Abel e João Pedro. Pai e filho diante d euma arquibancada, num silêncio absoluto. Um silêncio que preencheu.

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