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Na estreia da Ilha, Fla consegue o desafogo pelo alto e vence a Ponte para respirar

Rever Flamengo Ponte Preta Ilha do Urubu

Rever Flamengo Ponte Preta Ilha do Urubu

De cara, o Flamengo estava irreconhecível na estreia de sua própria casa. Em ditos tempos modernos, tradições esportivas levam bicos sem cerimônia de normas comerciais e o mandante inaugura estádio com o segundo uniforme. Quase um estranho na própria festa. Talvez fosse até uma mensagem subliminar. De branco, o Flamengo precisava de paz da arquibancada para tentar o desafogo no Campeonato Brasileiro. Se o estádio não ficou lotado com os preços salgados, a Ilha do Urubu ao menos viu o time respirar ao vencer a Ponte Preta por 2 a 0, com o jogo pelo alto. Uma atuação apenas correta, mas um resultado de grande importância para a sequência da competição.

Fla no início: 4-2-3-1

O treino no dia anterior não fora um blefe. Zé Ricardo promoveu novas barrações no Flamengo. Willian Arão deixou o time para a entrada de Cuellar, Pará sentou no banco para Rodinei e Rafael Vaz entrou na vaga do poupado Juan. Uma atitude corajosa diante da fúria da torcida em torno do técnico rubro-negro nos últimos dias. No 4-2-3-1, o Flamengo parecia tentar retomar os bons tempos ao optar pela troca de passes, o cerco ao adversário. Chegou a quase 70% de posse. Mas a equipe pós-Libertadores murcha ao encontrar dificuldades até esperadas, como uma Ponte Preta bem fechada em um 4-4-2 pronto para o contragolpe. Faltava criação. A confiança rubro-negra se foi com a chegada da eliminação no torneio sul-americano. É difícil retomá-la para ter como consequência a boa fluidez do jogo.

Ainda assim, os primeiros minutos tiveram movimentos interessantes. Vinicius Junior, aos 16 anos, cada vez mais solto no time titular, era o destaque. Pela direita, o garoto iniciou a partida dando um chapeu no adversário e cortando para o meio. Voltava para acompanhar o combate e disparava com a pelota no pé. Movimento ensaiado e que seria repetido por algumas vezes. Saía da direita pelo meio e dava todo o lado para Rodinei avançar. No meio, algo a destacar: Cuellar era o primeiro volante, com Márcio Araújo atuando como segundo, mais solto para se aproximar de Diego e Everton.

Fla ao fim: Conca estreia no meio

Diante da Ponte muito bem fechada, o Flamengo logo acionou o modo de tentar o jogo aéreo. Vinicius Junior arriscou três tapas para a área. Damião teve duas chances até boas, mas errou o tempo de bola. O jogo menos técnico interessava à Ponte, não ao Flamengo, que ganhava com o melhor passe na saída de bola de Cuellar. Com as chances perdidas e o relógio adiantado, o nervosismo tomou conta do mandante vestido de branco. Diego, em noite ruim, era esforçado como sempre, mas faltavam tempo de bola e, incrivelmente, técnica. Errava muito, até mesmo quando tentava abrir para a esquerda com a centralização de Vinicius Junior.

Aos poucos, a Ponte já tinha mais bola no pé, troca passes e tentava sair rápido com Naldo e Elton para Cajá. Daí para a velocidade de Negueba e Lucca bastava uma esticada de canhota. Léo Arthur recebeu boa bola no lado esquerdo da grande área, livre, mas a arbitragem incorretamente marcou impedimento. A arquibancada já chiava. Protestava com queda de rendimento do time. De novo, o time era inofensivo. O time quase desceu para o vestiário sob vaias quando achou um gol em um escanteio. Na bola cobrada por Diego, Aranha saiu mal e Rever, de cabeça, mandou para a rede. 1 a 0 do desafogo. Fundamental.

Com a desvantagem, a Ponte teve dificuldades em sua ideia de jogo. E pareceu até ter dúvidas sobre a capacidade de buscar, de fato, a reação. Foi bem mais inofensiva, espaçada. Quase desligada. O jogo exigiu menos do Flamengo do que em outros jogos, embora a atuação fosse apenas um pouco superior, com um mínimo de organização. Com a mesma formação, mais jogadores rubro-negros se adiantaram. Márcio Araújo apareceu na área para completar cruzamento de Everton, mas bateu em cima de Aranha. A facilidade pela alto indicou ao Flamengo que por ali haveria jogo. Vinicius Junior recebeu de Damião na direita, esperou a entrada do atacante e cruzou na cabeça dele, que se antecipou a Aranha. 2 a 0. A partida, então, morreu de vez. Uma partida de poucos riscos ao Flamengo.

Zé Ricardo, aliviado com a arquibancada que vez em outra ainda fumegava em sua nuca com a proximidade do novo campo, passou a fazer testes. Sacou Vinicius para refazer a dobradinha de laterais na direita, com Pará atrás e Rodinei avançado. Forçar, de novo, o jogo com os pontas, o que faltou na primeira etapa. Conca, enfim, pôde fazer sua estreia na vaga de Diego. Entrou para jogar ao centro, mas buscou muito o lado direito do campo e, naturalmente, mostrou pouco tempo de bola. Com 29 cruzamentos e 21 finalizações, de acordo com o site Footstats, uma noite de desafogos para o Flamengo.

Talvez o início de uma retomada para Zé Ricardo. O time, de novo, fez apresentação abaixo do usual no ano. Mas saiu na frente e acabou menos exigido no restante da partida. Soube administrar a vantagem. A distância para o topo da tabela, no entanto, seria alarmante em caso de novo tropeço. Há jogos no Rio pela frente. Houve trocas. Vinicius Junior está mais confortável. A casa nova está inaugurada. Há reforços a estrear. Mas o Flamengo ainda tem muito a remar se quiser entrar, de fato, na disputa pelo Brasileiro. Até domingo, ao menos, vai conseguir respirar melhor.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2X0 PONTE PRETA

Local: Estádio Luso-Brasileiro, a Ilha do Urubu
Data: 14 de junho de 2017
Horário: 21h
Público e renda: 13.006 pagantes / 13.981 presentes
/ R$ 803.992,00
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG – Fifa)
Cartões amarelos: Vinicius Jr e Márcio Araújo (FLA) e Nino Paraíba e Negueba (PON)
Gols: Rever (FLA), aos 47 minutos do primeiro tempo e Leandro Damião (FLA), aos 13 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Thiago, Rodinei, Rever, Rafael Vaz e Renê; Márcio Araújo e Cuellar; Vinicius Junior (Pará, 28’/2T), Diego (Conca, 37’/2T) e Everton; Leandro Damião (Felipe Vizeu, 44’/2T)
Técnico: Zé Ricardo

PONTE PRETA: Aranha, Nino Paraíba, Marllon, Kadu e João Lucas; Naldo, Elton, Léo Arthur (Jadson, 33’/2T) e Renato Cajá (Claudinho, 25’/2T); Negueba (Lins / Intervalo) e Lucca
Técnico: Gilson Kleina

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