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No primeiro teste de 2018, um fracasso que liga o alerta máximo no Fluminense

Fluminense Avaí Copa do Brasil 2018

Flickr / Fluminense

Abel Braga Fluminense Avaí eliminação Copa do Brasil 2018

(Flickr / Fluminense)

De novo, o Fluminense falhou. Em seu segundo desafio mais respeitável na temporada, o time não respondeu. A eliminação na Copa do Brasil diante do Avaí com duas derrotas no confronto, de forma tão precoce, não dá outra opção ao presidente Pedro Abad. Se foi minimamente competitivo em 2017 e se esfarelou em meio a inúmeras ressalvas, o elenco de 2018 não parece apresentar condições de manter a dignidade tricolor. O momento é de alerta máximo para o restante da temporada.

A falta de opções do elenco, claro, deve ser a preocupação para o restante da temporada. De 2017 para cá, o clube perdeu Diego Cavalieri, Henrique, Gustavo Scarpa e Henrique Dourado. Sua espinha dorsal, rapidamente absorvida pelo mercado. Nas Laranjeiras, não parece haver ideias, dinheiro ou até temor do futuro. O presente cruel, no entanto, se apresentou da maneira mais ácida.

Avaí desde o início jogava com o resultado do Rio

Abel Braga também encontra dificuldades para fazer do grupo que tem, ao menos, competitivo em um nível um pouco mais elevado do que o Estadual. Diante do Avaí, pouco foi. E, claro, ainda que as condições tricolores sejam desfavoráveis, o clube catarinense tampouco navega em um mar de tranquilidade. Pelo contrário. É um elenco formado para disputar a Série B do Brasileiro e tem tradição – e consequentemente receita – bem inferior ao Tricolor Carioca. As duas derrotas seguidas trazem o choque.

A fim de evitar a quantidade grande de gols sofridos de 2017, Abel insiste no Fluminense com três defensores para 2018. No Carioca, parece ser o suficiente. Em nível nacional, não. Com a vantagem da vitória de 2 a 1 no Maracanã no bolso, o Avaí não se preocupou. Fechou-se em um 4-4-2 muito agrupado, cedendo a posse ao Fluminense. Espaços apenas até a intermediária.

Novamente no 3-4-3, o Tricolor girou a bola de um lado para o outro, tentando acionar os alas Ayrton Lucas e Gilberto com frequência. Este último, grande arma na temporada, com presença frequente na área adversário, foi bem vigiado por Luanzinho. Com Sornoza preso ao lado esquerdo do ataque e sempre acompanhado por Judson e Guga, o time estancou na criação. Havia transpiração, luta. Marcos Junior se movimentava o tempo todo. Mas pouco recebia a bola. Faltava talento. Maior qualidade técnica para superar a organização defensiva do Avaí. A rigor, a chance tricolor no jogo foi praticamente única, no primeiro tempo. Ultrapassagem de Ayrton pela esquerda, bola rolada atrás para Pedro, que carimbou o travessão de Aranha. E só.

Flu desde o início: três zagueiros, toques laterais e nenhum perigo ao rival

O segundo tempo exigia um Fluminense mais agressivo. O Avaí manteve a postura. 4-4-2, com André Moritz e Getúlio à frente puxando as bolas em velocidade. Ao entender que Ayrton Lucas continuava a subir muito ao ataque, Claudinei Oliveira promoveu uma troca em minutos. Sacou Luanzinho, cansado por perseguir Gilberto, jogou Romulo para a esquerda e pôs Maurinho para aproveitar o espaço de Ayrton e, também, Ibañez, que se adiantava para iniciar o jogo tricolor. Um jogo arriscado ao Fluminense, mas que ficou ao seu feitio com uma expulsão infantil de Getúlio ao chutar uma bola após impedimento. Segundo amarelo em um lance que o árbitro poderia ignorar, mas seria rigoroso. Postura que o Tricolor lamentaria depois.

Ao ter um a mais em campo aos 17 minutos do segundo tempo, Abel Braga entendeu esfregou as mãos. Sacou Richard, pôs o veloz Dudu à frente pela direita, com Marcos Junior à esquerda. Centralizou Sornoza e Ibañez adiantou a volante, desfazendo o trio de zagueiros. O relógio jogava contra, mas a vantagem numérica poderia ser decisiva para o time enfim girar a bola e achar uma brecha no Avaí, já posicionado em dois blocos firmes de quatro e com Lourenço, substituto de André Moritz, à frente. Abel trocou Marcos Junior por Robinho. Queria o ataque. Queria a vaga. Não contava uma entrada boba de Dudu.

Ao fim, Avaí manteve a postura com a vantagem mais folgada

Uma atitude rigorosa do árbitro, mas coerente e esperada. Em um jogo fora de casa, com os mandantes com um jogador a menos, qualquer motivo seria suficiente para uma expulsão. Na dividida com Luan, Robinho recebeu o vermelho de forma direta e voltou a empatar o número de jogadores em cada time. Inquieto, Abel até chegou a lançar Matheus Alessandro na vaga de Ibañez. Mas com um zagueiro a menos em campo, o Tricolor cochilou. João Paulo passou como quis por Gilberto na esquerda e cruzou para Lourenço, livre entre os zagueiros, aproveitar o erro no corte de Reginaldo e tocar de cabeça no fundo da rede. 1 a 0.

Flu ao fim: zagueiros na correria ao ataque e desespero pela redenção

Se a falta de técnica e maturidade para vencer o jogo era latente, o Fluminense apresentou uma natural dificuldade psicológica. Lançou-se ao ataque de forma desorganizada, repetindo expediente fartamente utilizado em 2017: bolas alçadas à área em busca dos zagueiros. No ano passado, Scarpa era o responsável por ser o lançador. Desta vez, as tarefas estiveram divididas entre Sornoza e Matheus Alessandro. A cada viagem da bola, a esperança de uma cabeçada certeira de Gum ou Reginaldo que desse uma sobrevida tricolor na Copa do Brasil. Em vão.

Nos números, do site Footstats, a clara falta de ideias e qualidade tricolor: o time teve a bola em 67% do tempo, trocou 507 passes certos, mas cruzou 47 bolas na área. Em 17 finalizações tentadas, apenas duas foram no gol. O Avaí teve cinco no alvo em nove tentadas. Um baque no campo esportivo, mas também financeiro: eliminado de forma precoce na competição mais rentável da temporada, o Fluminense deixou de garantir R$ 1,8 milhão com a ausência na próxima fase. O elenco carece de reforços para ser digno. A torcida, de mínimo sinal de esperança que Abad e companhia busquem um caminho de ultrapassar pela tempestade sem maiores tragédias. O desafio será enorme em 2018 e no primeiro teste, o Tricolor falhou. O alerta está no máximo nas Laranjeiras.

FICHA TÉCNICA
AVAÍ 1X0 FLUMINENSE

Local: Ressacada
Data: 15 de março de 2018
Horário: 21h45
Árbitro: Vinicius Gonçalves Dias de Araújo (SP)
Público e renda: 8.296 presentes / R$ 212.134,00
Cartões Amarelos: Judson e Getúlio (AVA) e Ibañez e Sornoza (FLU)
Cartões vermelhos: Getúlio (AVA), aos 17 minutos e Dudu (FLU), aos 29 minutos do segundo tempo
Gol: Lourenço (AVA), aos 32 minutos do segundo tempo

AVAÍ: Aranha; Guga, Alemão, Betão e João Paulo; Judson e Luan (Menezes, 42’/2T); Luanzinho (Maurinho, 8’/2T), Getúlio e André Moritz (Lourenço, 27’2T); Romulo
Técnico: Claudinei Oliveira

FLUMINENSE: Júlio César; Reginaldo, Gum e Ibañez (Matheus Alessandro, 33’/2T); Gilberto, Richard (Dudu, 23’/2T), Jadson e Ayrton Lucas; Marcos Junior (Robinho, 26’/2T) e Pedro
Técnico: Abel Braga

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