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O futebol carioca não os merece

Fluminense Vasco Taça Guanabara decisão 2019 final

(Fluminense / Divulgação)

Fluminense Vasco Taça Guanabara decisão 2019 final

(Fluminense / Divulgação)

Não há muito mais o que dizer sobre a decisão da Taça Guanabara. Seria chover no molhado entre o tanto que já foi dito por aí. O tanto que foi visto. Seria mais fácil preencher este espaço com campinhos, falar sobre as posturas dos times, o duelo. Mas como? A maior razão para tudo não existiu. É tão óbvio o absurdo. Mas o Rio é assim atualmente: acostumou-se ao absurdo. A insistência em quebrar contratos, não honrar o assinado, tão em voga no país, principalmente no futebol. A cláusula permite a troca de lado da torcida do Fluminense, desde que o clube concorde. Não concordou. Ferj, Maracanã e Vasco se abraçaram para dar uma rasteira no rival. Que o jogo acontecesse no Engenhão, em Brasília, até em Miami. Seria menos ridículo.

Com esse estopim, a sequência de desastres era anunciada. Ingressos vendidos à revelia, um presidente, de forma irresponsável, convocando a torcida e falando em guerra – algo que seu cargo não permite nem mesmo com força de expressão – enquanto, debaixo do braço, apostava em uma liminar com portões fechados. Mais prudente seria pedir o cancelamento ou nem mesmo enviar o time ao estádio, dissipar completamente a movimentação de jogo em um país no qual liminares são mais frágeis do que o amor de profissionais por um clube. Quem realmente ama, claro, estaria na porta do estádio com o ingresso comprado, na expectativa. Optou-se por brincar com vidas.

30 mil ingressos vendidos e a solução foi deixar todos do lado de fora. A falta de bom senso da dita Justiça ao avalizar uma ideia dessas. O desespero da própria dita Justiça ao, diante do caos mais do que esperado, abrir portões com o jogo já em curso. Inocência irresponsável. Idosos correndo protegidos por familiares, fumaça, bombas, feridos. Patético. Melancólico. A face de um Rio de Janeiro moralmente falido. A decisão da Taça Guanabara mais triste de todos os tempos, com um pano de fundo comercial e político, como muito bem detalhado por Mauro Cezar Pereira, em seu blog no UOL.

Perdemos todos. Na briga por lados, faltou abraçar o lado certo. A terceira via. Sedentos pelo poder, pela chance de menosprezar o rival e se fortalecer politicamente, os cartolas abusam da paixão do torcedor. Que acordou com o ingresso na mão e sem saber se haveria jogo. Foi ao estádio. Levou bomba de gás no rosto, correu. Apavorou-se. O barulho do caos de fora constratou com os 30 minutos de silêncio mais melancólicos da história do Campeonato Carioca. Aos poucos, os torcedores entraram, pasmem, festejando. Celebrando o direito que lhe fora roubado. A arte de ir ao estádio e torcer. O futebol carioca não os merece.

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