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Portas em automático: o jornalismo esportivo não é (só) mercado

jornalismo esportivo Maracanã

jornalismo esportivo Maracanã

Sim, estamos nós de novo naquela época. A parte do ano na qual os torcedores ficam empolgados com novidades. Renovações de elenco, nomes que saem, outros que entram nos grandes clubes. As redes sociais pulsam com especulações. Tudo certo. Do jogo. O mercado da bola é parte relevante e importante do jornalismo esportivo, de fato. Apenas não é protagonista. Medir a régua de um profissional com esse viés é de miopia ímpar. Característico da ansiedade dos dias atuais. Há uma gama de possibilidades para constituir um bom jornalista. Realizar grandes coberturas, estar em eventos, participar do dia a dia do esporte, conversar com personagens em on e off, construir ótimas reportagens, ter visão apurada sobre determinados assunto. Observar o que se passa na frente que muitas vezes nem sempre é claro. Um mundo real além do virtual das redes.

Talvez este reles escriba esteja apenas ficado velho mesmo. Mas a régua de grande parte da nova geração de consumidores e produtores de conteúdo no jornalismo esportivo se dá pelo mercado. É tão raso. Tão pouco. De novo: não é irrelevante. Ao contrário, é braço importante do dia a dia. Mas um braço de um enorme organismo vivo. E mesmo em que se dedique no segmentado mercado de transferências – e nada mais – há os bons e maus como em qualquer área. Especulações em vão. Cliques por nada. Consuma, por favor. Mesmo que esse caminho seja vazio. Amanhã lhe concederei mais informações em vão, especulativas. Para alimentar um jogo jogado de bastidores de toma lá, dá cá. E há os ótimos profissionais nisso, com informações precisas, cuidado devido, checagem recorrente e sempre pertinentes. No ponto.

Afinal, amigos, vou ser repetitivo: o jornalismo esportivo é muito mais do que isso. Postei nessa semana um arquivo que tinha da página do vaivém do mercado do LANCE!, diário no qual trabalhei por anos. Todos os nomes estavam ali, de acordo com apurações e critérios do jornal. Mesmo assim escapava por vezes, com irresponsabilidade de um ou outro profissional. Era uma febre. Mas, findando a janela, o vaivém se despedia. Era um braço, um período. Agora o mercado se tornou meio de subsistência com as redes sociais. Negociações o tempo todo.

Mesmo com janelas fechadas. Dos mais badalados aos jogadores ainda irrelevantes. Toma lá, dá cá. E pegadas desnecessárias para vender a imagem de um olhar de quem tudo vê. Passagens que já foram emitidas. Anúncios que já foram preparados. Contratos que são redigidos. Rituais triviais de qualquer negociação. Um tempo real que apenas ignora o fato básico de informar. É apenas um atalho para vender a própria imagem a quem consome. E compra. Em breve, a janela fecha de novo, os campeonatos engrenam. Mas o mercado segue por aí, na rede social de esquina. Na especulação. Nos 50 nomes ligados aos grande clube. Na passagem já comprada para a apresentação. Portas em automático, amigo. A responsabilidade do jornalismo esportivo voar é de todos nós.

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