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E o Corinthians, Tite?

Marcelo Cortes / Flamengo

(Marcelo Cortes / Flamengo)

Marcelo Cortes / Flamengo

(Marcelo Cortes / Flamengo)

O verão carioca era escaldante e lembro ainda da fila de jornalistas pingando de suor no aguardo. Cinegrafistas, fotógrafos, repórteres de todos os tipos. Não eram ainda tempos de influenciadores. 6 de janeiro de 2011. Corria a novela mais insana dos últimos tempos. O leilão por Ronaldinho Gaúcho. Grêmio, Palmeiras e Flamengo disputavam centavo a centavo o craque, ainda no Milan, em gulosas reuniões em churrascarias. Pois lá eu estava a serviço de um jornal. Cobria Flamengo, um dos grandes interessados, talvez o favorito depois do episódio das caixas de som no Olímpico.

De repente, a porta de trás do Copacabana Palace se abriu. Aos galopes, a imprensa toda subiu as escadarias e entrou em um dos salões. Depois de um tempo no palco montado surgiram Assis, Ronaldinho e Adriano Galliani, vice-geral do clube italiano. Pergunta aqui, pergunta ali e meu celular vibrou insistentemente. Com uma mão levantada em busca de uma chance de fazer uma pergunta, atendi com a outra. Vinha um pedido da redação, mais especialmente da sucursal de São Paulo, em cólicas:

“O editor lá pede para tentar de qualquer maneira perguntar sobre interesse do Corinthians!”, me disse a voz do outro lado.

“Corinthians?!”, pensei alto. Era isso. A tarefa era essa. Não havia muito sentido. O Corinthians de Tite tinha Ronaldo, Roberto Carlos e a briga ferrenha era ali entre Flamengo, Palmeiras e Grêmio. Só se falava sobre os três. Mas, certo, se era essa a missão, tentaria cumprir ainda que discordasse. O ofício, por vezes, tem muito dessas, embora nem sempre quem apenas assista a coletivas entenda. Não consegui. O microfone não chegou em minha mão. Por sorte um colega de uma redação paulista perguntou sobre o suposto interesse. Assis, que quase nunca negava nada àquela altura, respondeu de bate pronto:

“Conversei com outros três clubes, sim. Mas não conversei com o Corinthians”

Por fim, Ronaldinho soltou a histórica frase “Flamengo é Flamengo” e dias depois acabou anunciado de rubro-negro. Corta para 2023. 12 anos depois, Tite chegou ao Ninho. E um dos grandes questionamentos que invadiram as redes e proporcionaram até um debate foi a ausência de uma pergunta sobre o Corinthians ao treinador. Afinal, qual a relevância da pergunta? Pequena, eu diria. Pertinente é diferente de prioritária.

Em coletivas de imprensa concorridas, como a de Tite, cada repórter tem direito a uma pergunta apenas. Uma bala no seu cartucho. Natural que a ampla maioria presente no Ninho do Urubu se preocupe em abordar temas de Tite relativos à sua nova trajetória. Modelo de jogo, o porquê da escolha, a mudança de ideia de não trabalhar em 2023 no futebol brasileiro, preferência por jogadores, análise da reta final do campeonato. Novamente: a pergunta sobre a recusa – ou recusas – ao Corinthians era pertinente. Não obrigatória. Tite estava livre desde que deixou a Seleção Brasileira. Não se manifestou publicamente sobre Corinthians.

É diferente, portanto, de Vitor Pereira. O português tinha deixado o clube paulista e se transferido diretamente para o Flamengo. E ainda utilizou argumentos familiares para não seguir no Brasil. Neste caso, sim, a pergunta era obrigatória. Com o Corinthians no contexto. Como seria o Palmeiras, o São Paulo, o Vasco, o Fluminense ou o Olaria. Tão obrigatória que abriu a coletiva e gerou uma lamentável reação imediata do Flamengo ao vetar o tema posteriormente.

Quem tiver a oportunidade de uma exclusiva com Tite e uma gama de perguntas a seu dispor talvez possa abordar todos os temas possíveis da carreira do técnico. Do Grêmio ao Corinthians, passando por Seleção na Copa. O que não faz sentido é o telefone vibrar, como na coletiva do Ronaldinho há 12 anos, para pautar uma obrigatoriedade inexistente. Mas os tribunais das redes podem sossegar. Em breve, o telefone vibra. A mão ergue. O microfone chega. E a voz salta.

“E o Corinthians, Tite?”

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