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Um impotente Fluminense esfarela diante da eficiência do Internacional

Sornoza Fluminense Maracanã 2018 Internacional

(Flickr / Fluminense)

Sornoza Fluminense Maracanã 2018 Internacional

(Flickr / Fluminense)

Um dos maiores desafios dos grandes clubes brasileiros é entender o momento que atravessa. Qual campeonato, de fato, disputa. Nos altos e baixos do futebol nacional é praticamente impossível ser postulante a grandes feitos temporadas a fio. Há momentos de irregularidade, onde os objetivos devem ser mais modestos, apenas como sobrevivência para sobreviver à tempestade e seguir em frente. Envolto em maremotos fora do campo, o Fluminense é um clube que exige grandiosidade pela tradição e por vezes cai na armadilha de não entender o próprio momento. Disposto a mandar no jogo e apertar o bom time do Internacional, o Tricolor acabou esfarelado pelo rival em meros 45 minutos no Maracanã. Mostrou-se impotente com o retumbante revés de 3 a 0.

Flu no início: espaços, direita problemática e presa fácil

A tarefa de entender o momento, claro, passa pelo técnico. Não é tarefa fácil – e nem mesmo deveria – contraria os anseios de torcedores ainda impactados pelo momento recente de glórias. O Fluminense de hoje dispõe de recursos para um elenco bem modesto. Abel Braga entendera isso e tratou de primeiro proteger a defesa – perigosamente vazada em demasia em 2017. Com a chegada de Marcelo Oliveira, o Fluminense se propôs a ser mais ofensivo. Mas falta qualidade defensiva para sustentar tamanho sonho. Talvez fosse prudente encarar um Internacional que cumpre ótima campanha no Brasileiro com menos ímpeto ofensivo, mesmo em casa. Mas não. Lá estava o Fluminense em campo com um 4-3-3, lançando-se ao ataque para pressionar o adversário. Foi fatal.

Inter no início: movimentação, troca de posição e eficiência para dar botes fatais

Postado em um 4-1-4-1, o Internacional de Odair Helmann em nada tem a ver com aquele time adjetivado com a expressão gaúcha de “acadelado”, como foi diante do Grêmio na Arena e do Flamengo no Maracanã. Ao contrário. Este Internacional terceiro colocado do Campeonato Brasileiro continua a defender bem, mas da mesma forma organizada sai em bloco ao ataque com muita eficácia. Tem movimentos organizados, com alternâncias interessantes entre Nico López, da direita para a esquerda, ocupando por vezes o centro onde Airton permanecia solitário. E Pottker, caminho inverso. E ainda a presença muito interessante de Jonatan Álvez, um tormento à defesa adversária com velocidade e senso de colocação. Ao perceber que o rival avançava tanto, o Internacional fez o que se espera de uma equipe eficiente. Aproveitou erros primários do rival para sair com velocidade à área adversária. Aterrorizou o Maracanã.

A força colorada acontecia ao pressionar o jogo tricolor por dentro. Airton e Jadson tinham dificuldade para iniciar o jogo, forçando um retorno de Sornoza, com pouco espaço cedido por Rodrigo Dourado e Fabiano. Pelos lados, o Fluminense tinha Marcos Junior pela direita e Junior Dutra à esquerda. Pedro, vigiado pelos dois fortes zagueiros Rodrigo Moledo e Cuesta, tentava buscar espaço dando passos para trás. Em um deles, criou uma grande chance ao cruzar para a área. Junior Dutra deu casquinha bola de cabeça e Marcos Junior, de chapa na pequena área, bateu em cima de Marcelo Lomba. Uma falsa sensação de domínio a um Fluminense que tinha dificuldades.

Pois logo em seguida o Internacional mostrou o seu lado fatal ao não perdoar erros seguidos da defesa tricolor. Digão recuperou bola na defesa e tentou achar Jadson no meio. O passe de primeira encontrou Rodrigo Dourado, que avançou sozinho pelo meio e, com o lado esquerdo vazio, achou Nico López. Sem ser incomodado, ele bateu cruzado e venceu Júlio César. 1 a 0. Chamava a atenção a dificuldade do Fluminense em entender o jogo. Não era ele o predador. Era a presa. Com o lado direito escancarado com os avanços de Gilberto, puxando Gum para tentar a cobertura e abrindo o meio da área com fartura.

Flu no fim: desorganização seguiu, com espaços e atacantes em profusão

Com tanta deficiência seria até estranho acreditar que o Internacional não aproveitaria tanto espaço. De novo pela direita Pottker apareceu para chutar e obrigar Júlio César a fazer boa defesa. Por ali a bola esticada encontrou Iago, que passou como quis por um inocente Gilberto e rolou para o meio, onde Jonatan Álvez tocou para o fundo da rede. 2 a 0. Em pane, o Fluminense apresentou o time em farelos, espaçado, abatido, vaiado pela arquibancada. Não entendia o jogo desde o início. E o golpe final veio com nova falha individual. Lateral para Jonatan Álvez na ponta direita, que cruzou para péssima rebatida de Digão. A bola sobrou aos pés de Nico López, que chutou rasteiro. 3 a 0. O Maracanã caiu sobre o Fluminense na descida para o intervalo.

A volta ao segundo tempo trouxe um Inter com D´Alessandro na vaga de Nico López, às voltas com um problema estomacal, e Matheus Alessandro na vaga de Marcos Junior no lado tricolor. Marcelo Oliveira insistia em agredir o rival com velocidade pelos lados, fórmula que já tinha dado errado no primeiro tempo. O panorama continuava o mesmo. Um Inter muito bem fechado por dentro, saindo em bloco e sem correr grandes riscos com os seus lados. Mais recuado, o Colorado atraiu o Fluminense até a intermediária para dar o bote e tentar ampliar o placar em lançamentos longos do lados pelo centro. Iago e Pottker receberam bolas cara a cara com Júlio César, mas finalizaram mal, em cima do goleiro. O Fluminense, impotente, agia como se o resultado não mais importasse. Atacava sem medo de passar por um vexame ainda maior.

Inter ao fim: mais defensivo, valorizando o empate e buscando o contra-ataque

Ao contrário. Marcelo Oliveira abraçou a velha ideia de empilhar atacantes para dar força ofensiva. Luciano e Everaldo substituíram Airton e Junior Dutra. Na prática, Sornoza recuou mais próximo a Jadson e o time formatou praticamente um suicida 4-2-4. Helmann respondeu ao sacar Álvez por Rossi. Adiantou Pottker à frente para dar maior velocidade no contragolpe. Um Inter bem mais próximo e ciente de que o jogo estava liquidado. Mesmo com tantos atacantes, as maiores chances de gol aconteceram com Sornoza: duas bolas na trave, uma delas bem espalmada por Marcelo Lomba. E Pedro, em ótima jogada, fintou Cuesta para chapar de canhota no canto direito de Marcelo Lomba, que fez de novo boa defesa. Não havia mais o que fazer. Disposto a ditar o ritmo, o Fluminense tivera o jogo engolido já no primeiro tempo. Ingenuidade fatal.

O time terminou o jogo com 57% de posse de bola e 18 finalizações – seis no gol – de acordo com o Footstats. Uma prova de que números friamente não explicam um jogo de futebol. A lição que o Fluminense carrega é a tarefa de olhar o espelho e entender que em 2018 não há como encarar de maneira franca e medir forças sem maiores consequências com as equipes de cima da tabela. A luta do time é apenas pela dignidade em 2018.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 0X3 INTERNACIONAL

Local: Maracanã
Data: 13 de agosto de 2018
Horário: 20h
Árbitro: Savio Pereira Sampaio (DF)
Público e renda: 13.735 pagantes / 14.640 presentes / R$ 351.130,00
Cartões Amarelos: Junior Dutra, Matheus Alessandro e Sornoza (FLU) e Victor Cuesta e Edenilson (INT)
Gols: Nico López (INT), aos 22 minutos, Jonatan Álvez (INT), aos 38 minutos e Nico López (INT), aos 45 minutos do primeiro tempo

FLUMINENSE: Júlio César; Gilberto, Gum, Digão e Ayrton Lucas; Airton (Luciano, 7’/2T), Jadson e Sornoza; Junior Dutra (Everaldo, 27’/2T), Pedro e Marcos Junior (Matheus Alessandro / Intervalo)
Técnico: Marcelo Oliveira

INTERNACIONAL: Marcelo Lomba, Fabiano (Dudu, 32’/2T), Rodrigo Moledo, Victor Cuesta e Iago; Rodrigo Dourado; Nico López (D’Alessandro), Edenilson, Patrick e William Pottker; Jonatan Álvez (Rossi, 20’/2T)
Técnico: Odair Hellmann

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