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Vitória suada em dura rotina de um futebol pobre: Flamengo bate o Coritiba na Ilha

Berrío Flamengo Ilha do Urubu

Berrío Flamengo Ilha do Urubu

No fundo, o torcedor rubro-negro vai bater no peito, comemorar a vitória, elogiar um ou outro jogador e até achar a camisa amarela um traje belo para utilizar em casa. Acabada a euforia, porém, é possível que muitos encarem a realidade. O triunfo de 2 a 1 sobre o Coritiba arrancado aos 46 minutos do segundo tempo, com um pênalti de Everton Ribeiro, foi fruto de uma rotina recente de um futebol pobre do Flamengo. E, claro, vai constatar que a camisa amarela é adereço divertido para festividades, não para uma disputa oficial em seus domínios.

Em casa, a postura do Flamengo surpreendeu. Não pelos quatro jogadores poupados – Réver, Márcio Araújo, Diego e Everton. Foi, na maior parte do tempo, um time que esperou mais o Coritiba do que tomou a iniciativa da partida. Recolheu-se para agredir no contragolpe, caindo na fórmula comum que tem feito sucesso no Campeonato Brasileiro. Mais no 4-4-2 ao se defender, com Everton Ribeiro e Guerrero à frente e liberando os pontas com Everton centraliza, num 4-2-3-1, ao atacar. De início, deu certo. Com seis minutos, o adversário todo no ataque para cobrar uma falta, Geuvânio tocou rápido para Everton Ribeiro na esquerda, que achou Berrío pelo meio. Uma ajeitada, um toque. 1 a 0. Prenúncio de um jogo tranquilo? Não.

Não há jogo tranquilo para o Flamengo atualmente. Com toda qualidade técnica do elenco, as atuações têm sido bem irregulares, pendendo mais para um futebol carente de ideias. A da noite deste sábado era esticar bolas nos pontas e fazê-los aproveitar os espaços diante de um adversário frágil, goleado por 4 a 0 pela Ponte Preta na rodada anterior. Havia até perspectivas animadoras. A dupla de volantes, por exemplo.

Fla no início: cessão de espaço e força nos lados

De volta ao time na ausência de Márcio Araújo, Romulo encharca a saída de bola de maior qualidade no passe. Um primeiro volante que se apresenta e gira o jogo, não sacrificando o meia centralizado, nesta noite Everton Ribeiro, ao obrigá-lo a retornar constantemente antes do círculo central para ter a bola. Willian Arão manteve a característica de atacar, invadir a área, acelerar o jogo. Dá mais opção para tabelas com Berrío e Pará, embora este último evitasse tantos avanços por ter o colombiano à frente.

Ainda assim, a ideia era dar mais campo ao adversário. Por isso o Coritiba, frágil, tentava se organizar sob a batuta de Matheus Galdezani, esticando bolas para a velocidade de Rildo. No fundo, por mais que tenha tido mais a bola, o Coritiba não tinha qualidade técnica para de fato assustar. Coube ao Flamengo mostrar força no lado esquerdo, em chute cruzado de Everton Ribeiro espalmado por Wilson após lançamento de Geuvânio. Era pouco. O placar de 1 a 0 poderia dar ao Flamengo a esperança de ter mais a bola no segundo tempo, com um meio de jogadores de qualidade no passe. Mas não deu tempo.

A bola rolou na etapa final e o time apresentou os mesmos problemas defensivos de outras partidas. São gols praticamente iguais sofridos nos últimos jogos. Bola enfiada no meio do sistema defensivo, seja entre zagueiros ou entre lateral e zagueiro. Certo é: a bola fura todas as coberturas e cai limpa no pé do atacante na frente de Thiago para o arremate. Barreiras frágeis. Tomas Bastos acreditou nisso. Esticou bola na área na frente de Juan, sem velocidade. A última e decisiva barreira, no entanto, é de Rafael Vaz, responsável por acompanhar o atacante. Não acompanhou Sassá contra o Cruzeiro como deixou Henrique pronto para finalizar e empatar na Ilha do Urubu. 1 a 1. Serve como um estalo.

Note que o futebol pobre do Flamengo não tinha aparecido tanto no primeiro tempo, até certo ponto controlado. Mas bastou uma falha, um gol sofrido para o time entrar em um colapso. Talvez nem seja entendimento tático, mas uma consequência psicológica. O momento é de pressão. E, novamente sob o risco de não vencer uma partida, o Flamengo se desorganizou. Espaçou-se mais ainda.

A mexida no Coritiba, sacando Alan Santos, volante, para a entrada de Neto Berola pelo lado direito, deu ao time dois pontas e menos liberdade para Geuvânio e Berrío. Dar tanto espaço para o Coxa não era uma opção. Era arriscado até demais. Em busca de menos riscos, maior nervosismo. Muitos erros de passes, lançamentos e os velhos cruzamentos para a área se acostumaram. Futebol pobre com time de qualidade em campo.

Guerrero teve um gol bem anulado, mas o Coritiba sempre aparecia no redor da área, cruzando bolas, esperando mais uma falha para um arremate. Gostava do jogo bem mais do que no primeiro tempo. Sentia confiança para agredir. Zé Ricardo entendeu ser necessário mexer. Vinicius Junior, fora até do banco nas últimas três partidas, entrou na vaga de Berrío, que vinha bem e prendia, principalmente, os avanços de William Matheus. Geuvânio caiu para a direita, o garoto na esquerda.

Ao fim: quase todos ao ataque pela vitória

O volume rubro-negro aumentou, mas houve falta de sorte na cabeçada de Juan na trave e falta de tranquilidade em finalizações como a de Guerrero de longe. A erro de arbitragem, ao ignorar pênalti de William Matheus em Vinicius Junior. Flamengo com a bola, em cima, rondando a área, mas muito preocupado em sofrer um contragolpe fatal. Parecia ter mais medo de perder do que vontade de vencer. Mais uma troca de Zé Ricardo. Vizeu na vaga de Geuvânio. Guerrero recuou um pouco para servir em vez de ser servido.

Deixou Romulo na cara do gol, mas o volante, bisonhamente, bateu em cima de Wilson. Outra troca. Todos à frente no Flamengo. Lucas Paquetá na vaga de Romulo. Esperança de uma esticada no passe, uma falta bem cobrada. Quase linha ao lado de Arão e na frente quatro, com Everton Ribeiro, Guerrero, Vizeu e Vinicius Junior. Parecia fadado ao fim. Então, aos 44 minutos do segundo tempo, Márcio deu um rapa em Vinicius Junior dentro da área. Pênalti claríssimo, cobrado com frieza por Everton Ribeiro. 2 a 1 de aliviar a alma, mas não a consciência.

O adversário era ruim. A situação vivida por ele, de pressão. Nem assim o Flamengo soube aproveitar. Temeroso, deu a bola ao rival para explorar espaços. Acabou dando muito espaço. Depois de quatro empates em que teve maior posse de bola, o Flamengo voltou a vencer com menos posse de bola, como ocorreu contra o São Paulo. Desta vez, em 52% do tempo a bola esteve nos pés do Coritiba, que teve chances de virar o jogo. É pouco para brigar em cima no Brasileiro. É pouco para tamanha qualidade técnica para os padrões brasileiros. Na próxima rodada, encontro com o líder Corinthians, pelo menos nove pontos à frente, em Itaquera. Para sobreviver a tamanho desafio, esse futebol não será suficiente. Será preciso sair da rotina de futebol pobre neste Brasileiro.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 2X1 CORITIBA

Local: Estádio Luso-Brasileiro, a Ilha do Urubu
Data: 22 de julho de 2017
Horário: 19h
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC)
Cartões amarelos: Willian Arão (FLA) e Wilson, Luizão, William Matheus, Tomas Bastos, Rildo e Alecsandro (COR)
Público e renda: 11.722 pagantes / 13.014 presentes / R$ 732.655,00
Gols: Berrió (FLA), aos seis minutos do primeiro tempo; Henrique (COR), a um minuto e Everton Ribeiro (FLA), aos 46 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Thiago; Pará, Juan, Rafael Vaz e Trauco; Romulo (Lucas Paquetá, 41’/2T) e Willian Arão; Berrío (Vinicius Junior, 16’/2T), Everton Ribeiro e Geuvânio (Felipe Vizeu, 31’/2T); Guerrero
Técnico: Zé Ricardo

CORITIBA: Wilson; Léo, Marcio, Luizão e William Matheus; Jonas, Alan Santos (Neto Berola / Intervalo), Matheus Galdezani e Tomas Bastos; Rildo (Filigrana, 32’/2T) e Henrique (Alecsandro, 38’/2T)
Técnico: Robson Gomes

  • Waila

    O psicólogo é ainda mais abalado quando as substituições são erradas. Tirar o Berrio quando ele era o cara que demonstrava não ter se deixado abalar, além de não estar jogando mal, tira mais ainda a confiança do time. Por sorte que os moleques parecem ser fortes, os 3 entraram bem, pareciam ter a gana de vencer que tanto falta a esse time.