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Encurtou, mas é grande: Flamengo é de novo superior ao Corinthians na ida da decisão

Arrascaeta Flamengo Corinthians final Copa do Brasil 2022

(Marcelo Cortes / Flamengo)

Everton Ribeiro final Copa do Brasil 2022

(Marcelo Cortes / Flamengo)

Nos quase 30 dias que precederam a decisão da Copa do Brasil a pauta em debates da mídia esportiva e também em redes sociais foi basicamente única. Afinal, encurtou a distância entre Flamengo e Corinthians após o embate entre ambos nas quartas de final da Libertadores? O primeiro confronto da final trouxe uma resposta bem clara: sim, encurtou. E ao mesmo tempo deixou evidente que a distância ainda é grande, desmontando teses que surgiram ainda na Libertadores, de um Corinthians que teria dificultado o Flamengo em um panorama – quase um devaneio clubístico – que não existiu. Em Itaquera nesta quarta-feira, o Flamengo de novo foi superior ao Corinthians, controlou grande parte das ações, teve maiores oportunidades. Mas não venceu. O Timão, afinal, elevou seu nível em relação à Libertadores e, melhor, deixou os seus próprios domínios bem vivo com o empate sem gols, o que não ocorrera em agosto.

É sempre importante bater na tecla da comparação de análises dos duelos de agosto e estes de outubro. Tornou-se exercício repetitivo e exaustivo de alguns setores garantir que o Corinthians no primeiro jogo das quartas da Libertadores causou problemas ao Flamengo no início. Nem de longe. Uma partida na qual o Rubro-Negro administrou, estudou, levou como quis até acelerar depois de abrir o placar com Arrascaeta e dominar de tal maneira no segundo tempo que o 2 a 0 foi um placar muito lucrativo para os paulistas. Voltemos, então, para esta quarta-feira. Aí, sim, podemos dizer que o Corinthians enfim causou incômodos ao Flamengo no início. Com outro time, uma postura mais forte, pressão na saída de bola, disposto a não deixar o rival confortável. E, de fato, não deixou. Vitor Pereira apostou num Timão em um 4-2-3-1, com Renato Augusto mais a circular por dentro, Roger Guedes e Adson pelos lados, Yuri Alberto mais à frente.

Corinthians no início: mais à frente e Renato Augusto como alicerce

Do outro lado Dorival Júnior não tinha na manga muito espaço para surpresas. Talvez um inconstante e ainda mais frágil defensivamente Matheuzinho na vaga de Rodinei. Manteve, então, o time de Copas no 4-4-2 usual, com o losango. Mas ciente do problema no lado direito da defesa, Rodinei foi mantido de maneira mais contida. Guardou mais o posicionamento e, ao mesmo tempo, tinha menos espaço para atacar até o fundo do campo. Assim que a bola rolou, o Flamengo deu sua primeira estocada com esticada de Arrascaeta a Gabigol à direita e a batida seca, do lado direito de Cássio, passou perto. Mas era o posicionamento corintiano que incomodava. Maior pressão para dificultar a saída rubro-negra, desta vez sem Thiago Maia entre os zagueiros.

Uma tentativa de forçar o Flamengo a utilizar passe longo para Pedro buscar o pivô e, quem sabe, o Corinthians retomar a posse mais rapidamente. E, abafando, reduzir os espaços para o circular de Everton Ribeiro e Arrascaeta. E também Pedro. Bastava o atacante tentar receber a bola e já era pressionado. Sem ter como pensar. Pedro, aliás, muitas vezes buscou o lado esquerdo para duelar com Fagner, muito provavelmente para tentar vantagem no jogo físico, na estatura. E assim abria para dar espaço para que Arrascaeta, quase como um falso 9 em alguns momentos, ocupasse um espaço por dentro para tentar entrar na área. Movimentação que já ocorreu em outros momentos, com Gabigol aberto à direita. Mas Fagner, bem, pressionou sempre Pedro. O atacante tentava o domínio e era pressionado, sem tempo para respirar.

Flamengo no início: time das Copas, Rodinei não tão avançado

Ocorre que é difícil tirar a posse deste Flamengo quando concentrado. E, em uma final, fatalmente o time estará focado. Estava. Concentrado em trocar passes mais curtos, ter a bola, esfriar o jogo, controlar a temperatura dentro e fora de campo na arena corintiana. Obviamente que seria inviável o tempo todo enquanto o Corinthians tivesse boas condições físicas, principalmente com Renato Augusto. O Camisa 8 é ótimo, justamente, em controlar a partida, achar espaços. Mas é basicamente uma ilha no time rival. Renato recebia a bola, girava, levava o Corinthians pelo meio e buscava os lados, onde o Flamengo naturalmente concede mais buracos, especialmente pela direita. Fábio Santos se aproximava, Renato encostava por dentro pelo setor. Era clara a tentativa de explorar Rodinei. Mas o lateral, bem preparado por Dorival, mostrou enorme concentração e resguardou bem. A rigor, curiosamente, o time paulista teve uma chance por dentro em chute mais rente de Yuri Alberto à direita de Santos até então. O Corinthians se esforçava, lutava, marcava. O Flamengo gerenciava. E quando acelerava causava problemas. Foi assim quando João Gomes retomou bola no meio, deu em Pedro, que logo soltou em Gabigol na área. O atacante parou em Cássio. O próprio Pedro depois, de novo pela esquerda, também concluiu na área, mas na rede por fora.

A pressão corintiana, porém, exige demais o físico. Marcar este Flamengo e tentar que tenha menos a bola cobra demais o corpo. Por isso o Corinthians obrigatoriamente teve de dar passos atrás e se poupar no fim da primeira etapa. A bola, travessa, tem dessas. Foi aí que surgiu a melhor chance paulista na partida. Flamengo adiantado, pressionando, quase todo no campo ofensivo. E bola lançada às costas da defesa. Léo Pereira falha no tempo ao tentar o corte e na incrível recuperação Thiago Maia trava o que parecia ser gol certo de Yuri Alberto, que já tinha deixado David Luiz para trás. Assim, o primeiro tempo chegou ao fim empatado.

Na segunda etapa seria natural esperar um Flamengo mais ativo após gerenciar o primeiro tempo em um tom morno. Dito e feito. Passes mais acelerados, bola de pé em pé. Era sua vez de pressionar no campo corintiano e achar espaços. O Corinthians entendeu que o volume rival seria maior. E tome giro de jogo rubro-negro. De um lado a outro, passando pela frente da área, em busca de triangulações pelo fundo. Algo que era mais negado pelo Corinthians com sua linha defensiva, obrigando o time rubro-negro a trocar mais o jogo em frente à área. Rodinei, antes mais resguardado, já aparecia mais à direita para dar opções. Filipe Luís se apresentava por dentro pela esquerda. João Gomes e Thiago Maia apoiavam por dentro para o bote.

Arrascaeta, porém, parecia fora de sintonia, sem a mobilidade mostrada até no retorno após a Data Fifa. Mas Everton Ribeiro compensava. Em ritmo mais intenso, o Camisa 7 apareceu na partida como usual no time de Copas. Por dentro, por fora, organizando. E o volume rubro-negro, claro, se transformou em chances. Everton Ribeiro para Gabigol, que bateu forte em cima de Cássio. Everton Ribeiro batendo forte de longe, para boa defesa de Cássio. Em seguida, David Luiz retomou bola na intermediária e chapou de canhota, na trave direita de Cássio. A arena estava assustada. O Flamengo tomara as rédeas do jogo para si, definitivamente.

Vitor Pereira percebeu. Mais do que isso. Lembrou. O enredo começava a se assemelhar ao da Libertadores. Rapidamente sacou Renato Augusto e Roger Guedes e pôs Giuliano e Mateus Vital. Pode ter recebido vaias e xingamentos da arquibancada, mas no fundo provou porque está na área técnica e não sentado em uma cadeira torcendo. Renato, veterano, já marcava mais do que criava. Estava sem pernas. Roger Guedes também sentia o fator físico. A oxigenada reequilibrou forças. O Corinthians minimizou os danos e conseguiu, ao menos, voltar a reduzir o espaço rubro-negro pelo meio.

Corinthians ao fim: mais recuado e com Mosquito veloz pela direita

A este ponto Dorival já havia sacado João Gomes depois de uma falta sobre Fagner – o volante está suspenso para o jogo de volta depois de ser amarelado ainda no primeiro tempo após pressão do banco corintiano sobre o árbitro da partida. Vidal entrou no jogo, embora com ritmo abaixo. Deu mais qualidade ao passe, mas cadenciou ainda mais o estilo do time. Facilitou ao Corinthians. Vitor Pereira, de novo, percebeu. E subiu mais a temperatura ao sacar Du Queiroz e Adson para pôr Ramiro e Gustavo Mosquito, este especialmente para acelerar para cima de Filipe Luís e reduzir uma das opções de saídas de bola rubro-negras. Foram minutos de superioridade corintiana, com maior volume no campo ofensivo, inclusive com boa jogada de Giuliano na frente da área em chute perigoso travado por Léo Pereira. Dorival, uma vez mais, foi bem. Contra-atacou na estratégia com Victor Hugo e Cebolinha nas vagas de Arrascaeta e Gabigol. Compreensível principalmente pelo fato de o Camisa 9 estar amarelado e a partida no fim. Abriu mais a equipe, com os dois novos reforços de cada lado. E o jogo, de novo, tomou o ponto desejado pelo Flamengo.

Flamengo ao fim: Fabrício Bruno mais de lateral, Rodinei à frente

Cebolinha, no entanto, quase comprometeu no reinício da partida após a queda da iluminação. Tentou um domínio com efeito de forma desnecessária na ponta esquerda e concedeu contra-ataque precioso ao Corinthians com todo o time desarrumado, no ataque. Para seu alívio, David Luiz travou o chute de Yuri Alberto e Santos ficou com a bola facilmente. Antes, o técnico ainda sacara Everton Ribeiro, também pendurado, e pôs Fabrício Bruno, mais posicionado como lateral-direito, e adiantou Everton Ribeiro. Mas o jogo estava encerrado.

No fim um empate sem gols com 56% de posse do Flamengo, com 19 finalizações contra 13 do Corinthians, 427 passes trocados contra 310*. Um jogo no qual o Flamengo foi superior, controlou a maior parte das ações, teve bem mais volume e, quando acelerou, levou problemas ao Corinthians. Um Corinthians que pressionou na saída de bola no início, teve duas boas chances com Yuri Alberto em erros rubro-negros, mas mesmo no seu limite não conseguiu mostrar ter o possível para bater o rival. Reclamou de um pênalti em bola alçada na área e resvalada na mão de Léo Pereira, sem interferir no lance, e corretamente não assinalado pela arbitragem. Obviamente o tema vai pautar de forma rasa o noticiário até o jogo de volta. Mas o Corinthians, sem recorrer a estes temas, pode ser campeão no Maracanã. Precisa fazer mais em campo. Ter mais soluções para agredir o Flamengo, que sofreu pouco. Não, não foi um jogo equilibrado. Houve claramente uma equipe superior em Itaquera, ainda que o placar não tenha refletido o campo. Enfim a pergunta que tanto pautou um mês de noticiário, de maneira ávida, foi respondida: sim, a distância entre Flamengo e Corinthians encurtou desde o último mata-mata. Mas ainda é grande. Bem grande.

*Números SoFa Score

FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 0X0 FLAMENGO

Data: 12 de outubro de 2022
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC)
VAR: Rodrigo D´Alonso Ferreira (SC)
Público e renda: 46.486 pagantes / 47.031 presentes / R$ 4.655.153,00
Cartões amarelos: Yuri Alberto e Fagner (COR) e João Gomes (FLA)
Gols:

CORINTHIANS: Cássio, Fagner, Balbuena, Gil e Fábio Santos; Fausto Vera e Du Queiroz (Ramiro, 31’/2T); Adson (Gustavo Mosquito, 31’/2T), Renato Augusto (Giuliano, 24’/2T) e Roger Guedes(Mateus Vital, 24’/2T); Yuri Alberto
Técnico: Vitor Pereira

FLAMENGO: Santos, Rodinei, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes (Vidal, 20’/2T), Everton Ribeiro (Fabrício Bruno, 47’/2T) Arrascaeta (Victor Hugo, 39’/2T); Gabigol (Everton Cebolinha, 39’/2T) e Pedro
Técnico: Dorival Júnior

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