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O espinho e o alerta: Fluminense atormenta de novo e derruba invicto Flamengo

Fernando Diniz Fluminense Fla-Flu Brasileiro 2022

(Mailson Santana / Fluminense FC)

Martinelli David Luiz Fla-Flu 2022 Brasileiro

(Mailson Santana / Fluminense FC)

Lá se vão pouco mais de cinco meses do Campeonato Carioca onde o Fluminense, ainda sob o comando de Abel Braga, incomodou e derrubou o Flamengo, ainda sob o comando de Paulo Sousa. O tempo passou, os comandos mudaram, as equipes também. Mas, de novo, o Tricolor venceu neste domingo no Maracanã e demonstrou seguir com a fórmula para ser uma enorme espinha na garganta dos rubro-negros. Incomoda. É indigesto. Pouco importa se América do Sul afora uma aura de imbatível parecia envolver este Flamengo de Dorival Júnior. Pela primeira vez o decantado time de Copas sucumbiu. Uma perda, com todas as escalações, de 19 jogos de invencibilidade. A vitória de 2 a 1 do Fluminense apontou que o time de Fernando Diniz poderia ter ido mais longe na Copa do Brasil. E acendeu o alerta para falhas rubro-negras a menos de um mês do início das decisões em Copas. Não, o Flamengo não é imbatível. E carece ainda de soluções criativas quando dificuldades maiores são apresentadas.

O Flamengo de Dorival as conheceu com mais intensidade no Fla-Flu deste segundo turno do Brasileiro. É verdade que o time de Copas, o time titular, já tinha passado por um aperto contra o São Paulo no Morumbi, na Copa do Brasil. Especialmente no primeiro tempo. Mas a estratégia do outro Tricolor, o paulista, fora mais simplória e, além disso, por outras duas razões: teve rota desviada por ter sofrido o primeiro gol e as características do São Paulo são muito distintas das do Fluminense. Não é segredo que Fernando Diniz preza pela posse de bola, assim como o Flamengo. Já partir desta premissa seria a promessa de um duelo interessante. Diante da estratégia efetiva do Corinthians no meio de semana, o Flamengo tentou repetir a ideia corintiana de pressionar bastante a saída de bola tricolor desde o início. Em seu 4-4-2 com losango, o time rubro-negro tentava abafar o Fluminense. A questão é que o time tricolor é muito bem treinado para fazer sua saída de bola desta maneira. Mais do que isso: deseja ser pressionado para iniciar seu jogo assim. E havia uma diferença fundamental para quarta em Itaquera: André estava em campo.

Fla no início: losango usual, pressão na saída tricolor

O Camisa 7 do Fluminense sobra em técnica e capacidade de ler espaços e posicionamento. Posiciona-se entre os zagueiros, inicia o jogo e dá a dinâmica necessária que Diniz pede e necessita. Com a pressão inicial, o Flamengo conseguiu recuperar bolas e, sim, finalizar, como num chute de Thiago Maia logo no início. Ocorre que Diniz teve boa leitura da força do time de Dorival. O Flamengo, pela maneira como encaixou, tem predileção de avançar sempre pelo lado direito, com Everton Ribeiro e Rodinei. A ideia do Fluminense foi bem clara: ter a posse e trabalhar sempre que possível pelo seu setor esquerdo. Preencher o setor com o máximo de jogadores possíveis, com toques curtos e inibir qualquer avanço em velocidade. Teve bom efeito, pois o Flamengo por ali apareceu muito menos do que tem ocorrido frequentemente. Além disso: não mostrou a possibilidade de sair da arapuca e inverter a balança ao lado esquerdo. Até por não ter um jogador para abrir mais deste lado, como Bruno Henrique ou Everton Cebolinha – este naquele momento. Filipe Luís atua mais por dentro e Pedro, obviamente, ocupa o centro do campo e a área.

O centro, aliás, é sempre muito forte com o Flamengo por conta de seus meias. Arrascaeta e Everton Ribeiro. Ali o Fluminense também preencheu mais a marcação com André, Martinelli, Arias ajudava a morder e o time oferecia mais os lados. Quando o Flamengo achou um espaço por dentro teve boa oportunidade. Pedro para Arrascaeta, por exemplo, mas o uruguaio bateu mal: pareceu esperar a saída de Fábio para um toque sutil, enquanto o goleiro, inteligente, firmou o pé e esperou a batida mais forte, o que ocorreu. Defesa feita. Depois, Gabigol recebeu bola pela direita, ultrapassou Manoel na área e foi empurrado, em pênalti ignorado por Raphael Claus e o VAR. O Fluminense tinha a posse, ao estilo de Diniz. E um estilo que conta com riscos. Como os das saídas curtas de bola. Em uma dessas, o Flamengo recuperou a posse rapidamente e João Gomes, na cara de Fábio, bateu em cima do goleiro. Novamente: o risco é parte do estilo de Diniz. Ainda que exagerado.

Flu no início: André onipresente, lado esquerdo forte

Com a maior posse de bola tricolor, o Flamengo mais avançava para pressionar e tentar recuperá-la. É um time pouco acostumado a não ter a bola. Assim se desorganizava defensivamente ao tentar botes na frente. Bastava um encaixe. E o lado preferido do ataque elaborado por Diniz era…o esquerdo. Tão logo André retomou uma bola pelo meio e não foi derrubado por Thiago Maia, apesar da tentativa, enxergou Matheus Martins passar livre pela esquerda e lançou. Matheus Martins dominou, avançou, olhou e bateu fraco. Santos bateu roupa e, na tentativa de retomar a bola, trombou acidentalmente com as pernas de Cano, que também acabou empurrado nas costas por Léo Pereira. Pênalti bem assinalado e também bem cobrado por Paulo Henrique Ganso. 1 a 0. Vantagem tricolor para o vestiário.

Com a desvantagem no placar, o Flamengo de Dorival Júnior deveria apresentar soluções depois do intervalo. Fernando Diniz readaptou o Fluminense. Travou ainda mais a frente da área e decidiu fechar o fundo do campo. Quase uma linha de seis com mais três jogadores à frente e Cano isolado. Induzia o Flamengo aos lados, mas sem ceder o fundo. O óbvio seria cruzar bolas à área. Assim o time rubro-negro fez. Cruzou bolas que fatalmente seriam perigosas ao sair dos pés de jogadores com qualidade, como Arrascaeta, Everton Ribeiro e Gabigol. Ainda que um ou outro cruzamento não fosse aleatório, e sim uma jogada mais refinada, parecia pouco. Parecia faltar ao Flamengo alternativas para esgarçar a defesa tricolor, abrir mais o rival. Talvez utilizar um jogador utilizar um jogador com características boas no mano a mano, como Everton Cebolinha. As soluções foram cruzamentos ou chutes de longa distância. Arrascaeta tirou uma batida espetacular da cartola, pela esquerda. Mas Fábio tirou uma defesa melhor ainda, ao espalmar a bola para escanteio. O Fluminense suportava a pressão de maneira consciente. Centro fechado, fundo negado, os cruzamentos seriam inevitáveis. Era desconfortável ao Flamengo. O time da posse, das jogadas trabalhadas, das tabelas até dentro da área….simplesmente não tinha essa opção.

Com a vantagem no placar e suas ideias a prevalecer, Fernando Diniz deu nova cartada. Sacou Matheus Martins e colocou Nathan. Preencheu o meio e optou por sair com toques curtos de bola. Além disso: adiantou Caio Paulista e Samuel Xavier alinhados com Cano à frente, ambos colados à linha lateral. Um time pronto para trocar passes, avançar e, se necessário, acionar velocidade às costas dos laterais rubro-negros. A maior presença no campo ofensiva foi clara. Toques rápidos, envolventes, com a bola a circular. Dorival mudou o Flamengo e tirou Arrascaeta, esgotado, para pôr Cebolinha, que abriu à esquerda, com Gabigol à direita e Pedro centralizado. Vidal entrou na vaga de João Gomes. E o Flamengo cedeu ao que desejava Diniz e se desorganizou. Na troca de passes farta do Fluminense, por mais de um minuto, ficou ainda mais nítido. Com trejeitos da final do Carioca, o Flamengo corria atrás da bola, incomodado, quase irritadiço. Só parou com uma falta de bola na mão de Everton Ribeiro. Distraído, o time mal viu o Fluminense cobrar com agilidade. Cano foi ao fundo, cruzou de um lado. Do outro, Martinelli pegou e cruzou à área para Nathan tocar de cabeça para o gol vazio. 2 a 0.

Ao fim, Fla com poucos jogadores, DL de atacante em busca do empate

O placar vantajoso encaminhou o resultado. O Flamengo tentou o abafa, mas chegou ao gol na via única do segundo tempo: cruzamento. Everton Ribeiro na segunda trave, Cebolinha escorou ao centro e Gabigol bateu para dentro. 2 a 1. Dorival tentou as últimas cartadas com Marinho e Victor Hugo, enquanto Diniz já havia acionado Felipe Melo. O caos foi instalado em uma confusão entre o volante tricolor o atacante rubro-negro. E coroado com o apito absolutamente confuso de Raphael Claus. Expulsou Marinho sem sentido, após ser empurrado por Felipe Melo, e também deu vermelho para Caio Paulista e Everton Cebolinha após discussão e tola troca de empurrões. Uma simples distribuição de cartões amarelos e rápido reinício do jogo seria eficaz. O show paralisou a partida por inúmeros minutos e contou com o luxuoso auxílio do VAR. Espetáculo tenebroso.

Flu ao fim: número reduzido e fechado para garantir a vitória

Com o reinício, o ímpeto rubro-negro por um empate com o apoio da torcida, em ampla maioria, já havia esfriado. Em um duelo com apenas oito jogadores na linha de cada lado, uma pelada seria mais exemplar. O Flamengo insistiu com bolas alçadas à área e o apito final decretou a primeira derrota do time de Copas e o fim da invencibilidade de 19 jogos. Um clássico vencido por um Fluminense que, uma vez mais, provou ser uma espinha entalada na garganta rubro-negra. Mesmo sem revezamento do elenco e com um dia a menos de descanso após disputa ferrenha em mata-mata. É um trabalho muito bom de Diniz. Com alguma folga foi o time que mais apresentou dificuldades para este Flamengo decantado de Dorival.

Dificuldades para as quais o Flamengo mostrou não encontrar soluções criativas. Foi um time que teve 31 cruzamentos* na partida contra quatro do Fluminense. Posse de bola igual, 50% para cada lado. 18 finalizações contra 12. Mas no alvo a diferença foi mínima: seis contra quatro. No Maracanã, o Tricolor de novo se apresentou como espinho. E o Rubro-Negro recebeu alertas para as decisões a cumprir na temporada.

*Números SoFa Score

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 1X2 FLUMINENSE

Data: 18 de setembro de 2022
Árbitro: Raphael Claus (SP – Fifa)
VAR: Rodrigo Guarizo do Amaral (SP – Fifa)
Público e renda: 51.304 pagantes / 55.170 presentes / R$ 2.720.364,50
Cartões amarelos: Gabigol (FLA) e André, Fábio l, Samuel Xavier, Nathan(FLU)
Cartões vermelhos: David Braz (FLU), aos cinco minutos do primeiro tempo, Marinho, Everton Cebolinha (FLA) e Manoel, Caio Paulista (FLU), aos 46 minutos do segundo tempo
Gols: Paulo Henrique Ganso (FLU), aos 44 minutos do primeiro tempo e Nathan (FLU), aos 30 minutos e Gabigol (FLA), aos 37 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Santos, Rodinei (Matheus França, 46’/2T), David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia (Victor Hugo, 38’/2T), João Gomes (Vidal, 27’/2T), Everton Ribeiro (Marinho, 38’/2T), Arrascaeta (Everton Cebolinha, 26’/2T)
Técnico: Dorival Júnior

FLUMINENSE: Fábio, Samuel Xavier, Nino, Manoel e Caio Paulista; André e Martinelli (Felipe Melo, 38’/2T); Matheus Martins (Nathan, 20’/2T), Paulo Henrique Ganso (Yago Felipe, 46’/2T) e Arias (Cristiano Silva, 46’/2T); Cano (Willian Bigode, 46’/2T)
Técnico: Fernando Diniz

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