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Livre, leve e solto: um revigorado e confiante Flamengo sobra diante do Paraná

Rever Paquetá Flamengo Paraná Brasileiro 2018

(Flamengo / Divulgação)

Paquetá Vitinho Flamengo Paraná Brasileiro 2018

(Flamengo / Divulgação)

A meia-trava seguida de dois toques na bola, um gingado que fez o zagueiro paranista se perder e abrir caminho para Vitinho indicou algo. Não apenas um passe suave, certeiro e macio para a finalização marota de Uribe no terceiro gol na goleada de 4 a 0 sobre o Paraná, fora de casa. Indicou mais. Um Flamengo livre, leve e solto no Campeonato Brasileiro, já mais do que apenas pulsante. Vivo. Em alerta. Com um objetivo em mente. Há luz no horizonte.

Paraná no início do ferrolho antes do gol a um time totalmente espaçado depois

Talvez os erros ocorridos durante a trajetória da temporada e que resultaram na irregularidade e na perda de liderança cobrem mesmo um preço fatal na briga pela taça. Talvez. Mas ao menos o Flamengo vazio, sem brilho ou mesmo esperança parece ter ficado definitivamente para trás. Este time de Dorival Júnior parece renovado, preenchido com o gosto de jogar um bom futebol, conseguindo ser ao mesmo tempo competitivo. A carta branca recebida pelo treinador parece mesmo ter sido efetiva. Dorival não brigou com o óbvio que indicava um time ajustado, afinado e, melhor do que tudo, muito confiante. Diego, então, ficou no banco.

O mesmo ocorreria com o goleiro Diego Alves, um rebelde sem causa em momento tão delicado, como informado pelo comentarista dos canais ESPN, Mauro Cezar Pereira. A recusa em viajar ao saber que seria reserva permitiu ao técnico mostrar o respaldo que guarda na manga. Ao bancar a decisão, indicou ao elenco novos rumos. Escolha, claro, arriscada por ser tratar de uma posição tão crucial. Mas que se mostrou acertada. No 4-2-3-1, o Flamengo entrou em campo faminto no Durival de Britto. Não havia espaço para tropeços na tabela.

É interessante notar neste Flamengo remodelado como o time, mais veloz, tem gana por definir a jogada. A troca de passes ainda existe, a busca por envolver o adversário também. Mas são menos passes laterais, mais verticais. Busca pela área. Pela agressividade. Por incomodar o adversário. Virtualmente rebaixado, o Paraná de Dado Cavalcanti já esperava a soberania do rival em campo. Tratou, então, de tentar dificultar preenchendo os espaços. Um 5-4-1 entrincheirado no próprio campo. Resistiria até quando possível. Foi, mesmo, por pouco tempo. Com Silvinho e Deivid, tentava acelerar pelos lados. E aí cometia erros. Se num primeiro momento conseguiu bloquear bem as tentativas de entrada na área de Lucas Paquetá e Willian Arão, logo o Flamengo compreendeu o que deveria fazer.

Fla no início: Paquetá procura o canto, Uribe volta para aproveitar espaço 

Buscou abrir o jogo, esgarçar a defesa paranista para enchê-la de espaços. Paquetá, avançado como nos últimos jogos, caía muito para a ponta esquerda, levando consigo a atenção de René Santos. Vitinho, rapidamente, caía por dentro em busca da área. A movimentação confundiu o Paraná, principalmente pela velocidade. É aí a grande diferença do Flamengo de Maurício Barbieri para o de Dorival Júnior: há a troca de passes, mas não com uma espera eterna pelo erro rival. A opção agora é acelerar o jogo, tentar aproximar da área e forçar o adversário a se afobar. Antes dos 20 minutos, Deivid tentou recuar bola logo na saída de jogo e errou o passe. Uribe, de forma inteligente, deixou a área e ocupou o centro do campo, vazio. Prendeu a atenção dos três zagueiros, confusos sem ter quem marcar. Não foi possível ver Paquetá, veloz, entrar pelo lado esquerdo sem pressão alguma. O passe do colombiano, ótimo, deixou o camisa 11 com folga para marcar seu décimo gol no Brasileiro, o 12º na temporada, tornando-se artilheiro do elenco em 2018. 1 a 0.

Seria de aguardar um Paraná talvez mais preocupado em não sofrer gols e segurar o Flamengo. Ao contrariar a lógica, o time da casa abriu mão do 5-4-1 e logo se soltou, num 3-5-2, pressionando a saída de bola rubro-negra. Mas, como sempre, falta qualidade. Bem abaixo da média do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão, o Paraná tem inúmeras deficiências para ser ao menos competitivo. Por mais que Deivid tenha dado algum trabalho a Renê pela direita, o Flamengo era ainda muito superior. Cuellar, soberbo, controlava a frente da área com a habitual categoria. Arão, em mais um jogo eficiente, foi de novo volante, não meia ou atacante. É um Flamengo muito mais seguro e que, de acordo com o Foostats, fechou o primeiro tempo com 65% de posse de bola, quatro finalizações e três desarmes. Um jogo de uma equipe só.

Ao fim, um Paraná resignado, com um a menos e ironizado pela própria torcida

Sem René Santos, lesionado, Dado Cavalcanti tentou mudar a equipe depois do intervalo. Dar mais força ofensiva com Raphael Alemão, desfazendo o sistema com três defensores. É repetitivo dizer, mas o Paraná não tem qualidade para duelar com as equipes de maior investimento no Campeonato Brasileiro. É desigual. Com menos força defensiva, o time foi presa fácil. Afinal, o Flamengo atual está livre, leve e solto. Encontrou o seu jogo e, diante de um adversário muito espaçado, foi fatal. Basta olhar Vitinho. De reforço milionário a jogador substituído após 36 minutos em campo contra o Atlético-MG, o atacante só agora parece ajustar a sintonia. Emplacou seu terceiro jogo em ótimo nível. Confiante e decisivo. Veloz e participativo. Fez gol, deu assistência e também colecionou desarmes, com quatro, o recorde da equipe na noite. Números que indicam a postura distinta. Foi dele o segundo gol.

Ao fim, Fla ainda solto, com Diego mais atrás e Paquetá avançado

Um bom entendimento de Everton Ribeiro com Pará, de volta a Willian Arão, avançado, e um cruzamento para a área. O ricochetear na zaga fez a redonda se oferecer ao camisa 14, que arrematou com uma batida seca de canhota. Havia mais espaços. No cruzamento de Arão, além de Vitinho, Paquetá e Uribe estavam atentos dentro da grande área. O Flamengo busca muito mais o gol. Trabalha mais para fazê-lo. Bem definido, sem pressão, o bom jogo fluiu. Eram apenas 12 minutos do segundo tempo quando a equipe sacramentou a vitória. Um lance exemplar da atual voracidade. Bola retomada após ser alçada na defesa, Paquetá partiu da intermediária e enxergou Vitinho na esquerda. O passe agudo foi bem calculado e encontrou os pés do camisa 14. Com o jeito moleque esperado em sua contratação, Vitinho carregou a bola, deu meia-trave, fingiu o passe por duas vezes até fazer Rayan buscar o lado e abrir o meio. O passe, açucarado, encontrou Uribe confiante. Após boa cabeçada no primeiro tempo, em ótima defesa do goleiro Richard, o atacante demonstrou que acompanha o ajuste de sintonia de Vitinho. Toque suave, maroto, por cima do goleiro. 3 a 0.

Partida definida, o Flamengo demonstrou amadurecimento também ao entender a necessidade do jogo fora de campo. Após os berros do diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, em frente às câmeras contra a suspensão de quatro atletas para o confronto do próximo sábado no Maracanã, Dorival Júnior sacou os pendurados da equipe, um a um. Everton Ribeiro, Vitinho e Willian Arão deram lugares a Diego, Geuvânio e Henrique Dourado. A expulsão de Raphael Alemão deu apenas requintes de crueldade à vitória, ironizada com olé da própria torcida paranista a cada toque do Flamengo. Diego, barrado, deu belo recado ao xará goleiro. Um pouco mais recuado, tratou de distribuir a bola e fazer o jogo rubro-negro girar. Tentou reagir dentro de campo. Deu boas mostras de como ainda pode ser útil.

O Flamengo da reta final de jogo, com farta troca de passes e tabelas lembrou a equipe que liderou com méritos a parte inicial do Campeonato Brasileiro. O gol de Henrique Dourado após boa tabela entre Diego e Uribe mostrou uma equipe, enfim, tranquila consigo. Um ambiente arejado, com respaldo para decisões pesadas devolveram a vida ao Flamengo no Campeonato Brasileiro. Dez gols marcados, nenhum sofrido, três vitórias e um empate. Há recortes ao longo da temporada do futebol nacional. No deste momento, ainda bem curto, o Flamengo mostra um jogo agradável e competitivo. E chega ao confronto importante diante do líder Palmeiras livre, leve e solto. Não é pouco.

FICHA TÉCNICA
PARANÁ 0X4 FLAMENGO

Local: Durival de Britto
Data: 21 de outubro de 2018
Horário: 19h
Árbitro: Bráulio da Silva Machado (SC)
Público e renda: 4.271 pagantes / 5.143 presentes / R$ 269.185,00
Cartões Amarelos: Jean Lucas (PAR)
Cartão vermelho: Raphael Alemão (PAR), aos 25 minutos do segundo tempo
Gols: Lucas Paquetá (FLA), aos 18 minutos do primeiro tempo e Vitinho (FLA), aos cinco minutos e Uribe (FLA), aos 12 minutos e Henrique Dourado (FLA), aos 45 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: César, Pará, Léo Duarte, Rever e Renê; Cuellar e Willian Arão (Henrique Dourado, 27’/2T); Everton Ribeiro (Diego, 20’/2T), Lucas Paquetá e Vitinho (Geuvânio, 24’/2T); Uribe
Técnico: Dorival Júnior

PARANÁ: Richard, René (Raphael Alemão / Intervalo), Rayan e Igor; Júnior, Deivid (Jean Lucas, 15’/2T), Alex Santana, Jhonny Lucas, Silvinho (Leandro Vilela, 31’/2T) e Mansur; Rafael Grampola
Técnico: Dado Cavalcanti

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