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Messi e o Big Bang

Messi Pelé Barcelona

Twitter / FC Barcelona

Messi Pelé Barcelona

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No finalzinho de 2017 embarquei no tema, na véspera da eleição de melhor jogador do mundo. Qual seria o nosso melhor de todos os tempos? Listei ali os meus, classificados em um misto de experiências próprias, memória afetiva e simples gosto por futebol. Quase dois anos depois estamos aqui ainda envoltos na discussão sobre o melhor de todos os tempos. Pois Messi nos provoca. Encanta. Quebra recordes. Desafia. Será ele o melhor jogador que o esporte mais popular do mundo viu? Cá do meu cantinho, acho difícil que conquiste este título. Mesmo com tudo que faz e ainda fará. É praticamente impossível desafiar o Big Bang da bola.

Só a existência da discussão mostra o tamanho de Messi no futebol. Pelé, no entanto, é o início de tudo. O Big Bang. Explodiu e moldou o esporte. Pelé é o futebol. O futebol é Pelé. Criou referências de dribles, gols, comemorações, inclusive a mística da camisa 10, utilizada por todo craque de time desde então, incluído aí Messi no Barcelona e na Argentina. Atleticamente estava à frente do seu tempo. Tecnicamente, também. Ganhou o apelido de Rei, encantou multidões, ultrapassou a barreira dos mil gols. Tudo isso em uma era sem internet, sem 500 câmeras com outros tantos ângulos diferentes a cada jogo, a cada lance. Com repetições à exaustão. Pelé deixava estupefata a arquibancada e dali sua fama corria o mundo. Com adversários muito mais desleais. Numa era de ouro de craques. Pelé fincou sua bandeira diante dos olhos de todos.

Não tenho muitas dúvidas de que as maiores carreiras que vi na bola em quase 36 anos de vida são de Messi e Cristiano Ronaldo. Uma década no auge, competindo, encantando, quebrando recordes, conquistando taças. Mudando o jogo. Os melhores que vi? No auge ainda escolheria para o meu time Romário, Zidane, Ronaldinho e Ronaldo na frente. Os dois primeiros responsáveis pelas melhores atuações individuais que assisti. Ronaldo pela explosão e o furor que provocava, ainda que por curto período. Ronaldinho pela magia e objetividade com que arrebatou o mundo – aliás, ali em 2004 e 2005 era comum se questionar se ele poderia alcançar Maradona e Pelé. Ainda não existia Messi. Agora existe. E como. É um deleite acompanhá-lo. É um deleite admirá-lo.

Não é demérito que fique atrás de Pelé. Seria um devaneio, anos atrás, acreditar que a discussão é plausível. Messi até isso parece ter quebrado. Já não soa tão absurdo assim. O que soa um tanto incômodo, até pedante, é a insistência fanática de determinar que, sim, Messi já é o melhor de todos os tempos, sem espaço para discussões, com um certo desprezo ao passado. Algo um tanto quanto característico dos millennials: questionar um senso comum e garantir que o melhor só pode estar acontecendo no nosso tempo. Às vezes não, jovens.

É provável que o passar do tempo e das gerações permita que Messi cruze seus bigodes com Pelé, cada vez mais parte de um passado de quem vive o futebol. O discurso ficará, talvez, mais para solo brasileiro. É comum que a Europa só olhe para o próprio umbigo – a atuação de Edmundo em 97 nos prova que isso vem de longe – e a oportunidade de superar Pelé na narrativa de melhor dos tempos, antes impensável, pareça sedutora demais para se tornar a oficial no Velho Continente. Mas, convenhamos, com pés no chão: o Big Bang da bola já explodiu. E tudo partiu dali. Até Messi.

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