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No caos, mais uma queda: Flamengo aposta no aleatório e cai diante do Atlético-MG

Bruno Henrique Flamengo gol Atlético-MG Brasileiro 2019

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Renê Flamengo Atlético-MG Brasileiro 2019

(Alexandre Vidal / Flamengo)

É incrível a qualidade técnica dos homens ofensivos do Flamengo. Está, claramente, acima dos padrões brasileiros. Bruno Henrique, Arrascaeta, Gabigol, Everton Ribeiro. Para que funcionem em conjunto é necessário, porém, um mínimo de organização. Assim o time teve bons momentos na temporada. Trocando passes, alternando movimentações, com calma. Assim o time envolveu o Atlético-MG na primeira metade do primeiro tempo. Mas ao se deparar com a vantagem numérica no Horto após a expulsão de Elias, o Flamengo apostou no aleatório. Buscou o caos. E, no caos, a qualidade técnica deixa de ser vantagem. O resultado foi uma derrota de 2 a 1 que aumenta a temperatura da pressão sobre o clube no Campeonato Brasileiro. Em cinco rodadas, o Flamengo já está duas atrás do líder Palmeiras.

Depois de boa partida contra o Corinthians pela Copa do Brasil, Abel Braga decidiu repetir a equipe. Diego, talvez a única possibilidade de retorno ao time titular, estava suspenso. Arrascaeta manteve sua posição em campo. Num 4-2-3-1 que teve o gosto pela imposição nos minutos iniciais no Independência. É a versão capaz de trazer mais felicidades aos rubro-negros em 2019. Alterna a calma para trocar passes, ocupar o campo adversário, girar o jogo de um lado a outro com a aceleração e objetividade de Bruno Henrique. Com quase 65% de posse de bola, o time alugou mesmo o campo do Atlético-MG em pleno Horto. Ignorou a arquibancada e, desde o campo defensivo, passou a trocar passes. Com uma referência: Everton Ribeiro.

No início, Galo apostava nos lados, com um centroavante à frente

No Flamengo desde 2017, o meia parece vive seu melhor momento. Está adaptado, bem à vontade. Faixa de capitão no braço, circula pelo campo com facilidade, com ares de dono da equipe. Tem técnica para esconder a bola e fazê-la aparecer quando necessário. Assim deu drible desconcertante de corpo em Luan pela ponta direita. Fez o meia-atacante e dublê de volante do Galo desistir da jogada, constrangido. O pesar foi um porém que tem se tornado rotina nos últimos jogos: Gabigol perdeu…um gol. Bateu em cima de Victor, desperdiçando ótima chance. Imponente, o Flamengo circulava o jogo como queria, batendo na casa dos 70% de posse de bola. Arrascaeta, Arão, Everton Ribeiro, Bruno Henrique. O time, consciente, alternava espaços. E perdia chances. Bruno Henrique, pela esquerda, bateu em cima de Victor. Depois, de novo, cabeceou fraco mesmo livre na pequena área. O Galo penava.

Inicialmente, a equipe de Rodrigo Santana parecia disposta a formar um 4-2-3-1, mas logo Elias adiantou e permaneceu alinhado a Luan, na esquerda, Cazares, mais ao lado, e Chará, na ponta direita. Um 4-1-4-1, com Zé Welison à frente da defesa. Tinha, porém, pouco desafogo. O Flamengo pressionava a dificultava a saída, exigindo, por exemplo, enorme participação dos pontas para tentar fechar os espaços pelo lado. A rigor, a busca pelo ataque se resumia em forçar o jogo pelos lados e tentar o cruzamento para a antecipação de Ricardo Oliveira na primeira trave. Guga, no entanto, sofria demais com Bruno Henrique no setor defensivo. Pela esquerda, Patric, improvisado na vaga de Fábio Santos, tentava em vão caçar Everton Ribeiro, que invariavelmente o arrastava para o meio, abrindo espaço a Pará e exigindo a cobertura de Luan. Era um jogo rubro-negro. Então, num lance, os dados rolaram. Tudo mudou.

Fla no início: Everton Ribeiro onipresente e 20 ótimos minutos

De tão absoluto na partida, o Flamengo conseguiu se desconcentrar. Pará recuperou bem bola investida na defesa e, calmamente, tocou em Diego Alves. O goleiro tinha a opção de Willian Arão pelo centro, totalmente desmarcado. Arriscou. Lançou bola com força excessiva à esquerda, que Renê teve dificuldade para dominar. Pressionado, recuou a Rodrigo Caio, que cometeu a falha de tentar o domínio antes de fazer as vezes de zagueiro-zagueiro. O chutão explodiu em Ricardo Oliveira e caiu nos pés habilidosos de Cazares. Tranquilamente, ele driblou Léo Duarte e um desesperado Rodrigo Caio para abrir o placar no Horto. 1 a 0. Rapidamente, o Flamengo reagiu. Dois minutos depois, teve espaço livre pela intermediária diante de um Galo que marcava mal. Arrascaeta a Arão. Dali a Bruno Henrique que, num drible seco, derrubou Guga e Rever de uma vez só. O chute cruzado preciso indicou que o atacante é o jogador mais decisivo do clube na temporada. são 12 gols, mesmo número dos artilheiros do Flamengo em todo 2018 – Lucas Paquetá e Henrique Dourado. 1 a 1.

Com reação quase instantânea, seria de esperar que o Flamengo, após um vacilo que custara um gol sofrido, retomasse as rédeas da partida. Ainda mais quando Elias foi bem expulso, com auxílio do VAR, após falta desclassificante em Renê. O segundo tempo, claro, trouxe um Galo mais defensivo. Rodrigo Santa optou por sacar o único centroavante, Ricardo Oliveira, e colocar um volante, Adilson. Basicamente um 4-4-1, com Cazares solto à frente, tentando a movimentação. Mais uma vez desconcentrado, o Flamengo foi punido. Na cobrança de um lateral, Léo Duarte afastou mal pela direita e Chará emendou uma bomba no gol de Diego Alves. 2 a 1. E o desespero rubro-negro apareceu.

Ao fim, Atlético naturalmente retraído, induzindo Flamengo aos lados

Chamou atenção a falta de tranquilidade do Flamengo no Horto diante do revés. Seria natural esperar de uma equipe com tanta qualidade técnica uma vasta troca de passes, uma tentativa de esgarçar a marcação do Atlético, que fatalmente se agruparia para evitar espaços ao Flamengo e forçar bolas alçadas na área, confiando nos grandalhões Leonardo Silva e Igor Rabello. Um aposta lógica do Galo, mas aleatória ao Flamengo. Abel passou a empilhar atacantes para chegar ao empate. E, consequentemente, foi de encontro ao caos. Primeiro sacou Léo Duarte para pôr Vitinho em campo. Três minutos depois, tirou Arrascaeta para a entrada de Lincoln. Seria um 4-2-4? Na prática, Rodrigo Caio permaneceu sozinho na defesa, com Cuellar e Arão formando uma dupla à frente. Pará e Renê avançaram, com Everton Ribeiro por dentro, Vitinho e Bruno Henrique nas pontas, Lincoln e Gabigol na área. Confuso? Pois é. Imagine em campo.

Fla ao fim: aposta no caos, Rodrigo Caio solitário e Cuellar multi funções

O Flamengo girava a bola na intermediária, sem tentativa de triangulações para entrar na área bem protegida pelo Galo. Assim que os laterais eram acionados, a bola viajava. Alçadas na área. 50 em toda partida. A aposta no aleatório. Nem mesmo a substituição de Gabigol por Berrío foi capaz de mudar o panorama. Vitinho deixou a direita e foi à esquerda. Bruno Henrique fez companhia a Lincoln na área. Rodrigo Caio permanecia solitário na defesa, com o auxílio de um extenuado Cuellar, responsável por cobrir o meio, o lado esquerdo e a defesa nas investidas de um velocista Chará, o desafogo do Galo. Aguerrido, o time da casa passou a afastar as jogadas, fechar o meio e induzir o Flamengo a buscar, mesmo, os lados pela intermediária. No jogo aleatório, o time rubro-negro quase empatou duas vezes – Lincoln isolou bola cruzada por Vitinho na frente de Victor e Renê bateu no cantinho esquerdo inferior do goleiro atleticano, com ótima defesa. Com a torcida inflamada, mesmo em número reduzido, o Flamengo esteve longe de ser o time que se impôs no início da partida. Desorganizado, sucumbiu a um time com dez jogadores. Foi incapaz de apresentar maior perigo, bater um rival que fazia o básico para defender a vitória.

O Flamengo teve 61% de posse de bola, trocou 418 passes e finalizou 19 vezes. Mas jogou mal. Apresentou futebol limitado na maior parte do tempo e pior: não encontrou soluções diante dos desafios da partida, ainda que os fatos lhe dessem vantagem, como um jogador a mais em campo. Milionário, recheado de jogadores que enchem os olhos no futebol brasileiro, o time ocupa a 9º colocação no Campeonato Brasileiro. Em cinco rodadas, já está a duas – seis pontos – do líder Palmeiras. A reação imediata é premissa básica para amansar o restante da temporada. Reação de forma organizada. No caos, a tendência é que o Flamengo fique mesmo pelo caminho no Campeonato Brasileiro.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG 2X1 FLAMENGO

Local: Estádio Independência
Data: 18 de maio de 2019
Árbitro: Paulo Roberto Alves (PR)
VAR: Adriano Milczvski (PR)
Público e renda:
Cartões amarelos: Leonardo Silva, Luan e Victor (ATL) e Hugo Moura (FLA)
Cartão vermelho: Elias (ATL), aos 48 minutos do primeiro tempo
Gols: Cazares (ATL), aos 27 minutos e Bruno Henrique (FLA), aos 30 minutos do primeiro tempo e Chará (ATL), a um minuto do segundo tempo

ATLÉTICO-MG: Victor, Guga, Rever (Leonardo Silva, 46’/1T), Igor Rabello e Patric; Zé Welison; Chará, Elias, Cazares (Vinicius, 23’/2T) e Luan; Ricardo Oliveira (Adilson / Intervalo)
Técnico: Rodrigo Santana

FLAMENGO: Diego Alves, Pará, Léo Duarte (Vitinho, 14’/2T), Rodrigo Caio e Renê; Cuellar e Willian Arão; Everton Ribeiro, Arrascaeta (Lincoln, 17’/2T) e Bruno Henrique; Gabigol (Berrío, 31’/2T)
Técnico: Abel Braga

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