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Domingo tranquilo: reservas do Fla passam pela Chape e reforçam poder do elenco

Vitinho gol Flamengo Maracanã

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Lincoln Flamengo gol Maracanã Chapecoense

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Jogos irregulares despertaram questionamentos sobre o real peso do elenco do Flamengo em 2019. Dúvidas surgiram na arquibancada a cada desfalque e substituição. A não ser que a análise aborde um panorama do futebol mundial, com comparações até com times da Champions League, parece ser baseada em fatos a defesa de que o elenco rubro-negro é, sim, respeitável para os padrões sul-americanos. Um passo a mais nessa direção foi dado neste domingo, um 2 a 1 até tranquilo sobre a Chapecoense no Maracanã. A rigor, dos jogadores que estiveram em campo apenas Rodrigo Caio consta entre os titulares inquestionáveis de Abel Braga atualmente.

É justo dizer que o técnico, aliás, teve o retorno de um provável titular: Diego Alves. Depois de três partidas e meia de ausência devido a uma lombalgia, ele cumpriu boa jornada, apesar de pouco exigido – fez uma excelente defesa – e nada pôde fazer no gol sofrido no apagar das luzes. Seria injusto, porém, ignorar a segurança apresentada por César nos jogos em que esteve na meta rubro-negra. No campo utópico da justiça, a vaga estaria no mínimo aberta. Mas só a sequência da temporada nos vai revelar o que pensa Abel. Por enquanto, o técnico reforçou a ideia de revezar o elenco, evitando o desgaste físico que fez minguar o jogo rubro-negro em 2018. Uma prática que só consegue a sustentação como resultados. Por enquanto, eles vieram. O Flamengo basicamente não correu riscos diante da Chapecoense no Maracanã.

Fla no início: força com os lados, Trauco e Vitinho, Rodinei e Berrío

No domingo do Dia das Mães e sob calor impróprio para a prática do futebol, Abel mandou o time a campo no mesmo desenho, um 4-2-3-1, com um meia pelo centro, desta vez Diego, mas pontas rápidos pelos lados. Um jogo que parece cair ainda mais ao estilo do treinador. Presença intensa combinando estilos. À esquerda, um lateral – Trauco – com técnica e passe refinados ao lado de um ponta driblador – Vitinho. Do outro, dois estilos semelhantes: força e velocidade com Rodinei e Berrío. Interessante notar que a característica poderia indicar um jogo mais direto, com bola esticada, buscando a velocidade. Ocorre que a Chapecoense não pretendia ceder espaços ao Flamengo. Fechava-se em um 4-1-4-1 apenas com Everaldo à frente, buscando o bote na saída de bola rubro-negra e, sem sucesso, tentava se retrair. O time da casa, no bafo do clima e da arquibancada, ajustou-se ao adversário nos minutos iniciais: bola ao chão, de pé em pé, com saída eficiente principalmente pelos pés de Rodrigo Caio. Aí vale um parêntese.

Chape no início: busca por fechar espaços, mas bem vulnerável

Contratado com certa desconfiança depois de ano apagado no São Paulo, Rodrigo explica o porquê de ter sido cotado para o futebol europeu e ter colecionado passagens pela Seleção Brasileira. Aparece em seu melhor estilo: apresenta velocidade, antecipa bem as jogadas e tem técnica acima da média para iniciar o jogo, desafogando os volantes e laterais. Por vezes tenta o passe vertical e pode até pecar nisso – contra o Peñarol errou até duas bolas fáceis, apesar da ótima atuação. Não foram poucas as vezes em que cortou um atacante da Chapecoense, protegeu a pelota e saiu com ela limpa à frente ou servindo um companheiro. O jogo ganha maior fluidez. Ao sair com boa troca de passes, o Flamengo tinha uma Chape desarrumada nas costas. Conseguia, portanto, espaço para aplicar velocidade. Assim chegou ao primeiro gol, em puro talento. Piris virou o jogo, achando Diego à esquerda, Trauco fez as vezes de meia, caiu por dentro e recebeu a redonda. Deu lançamento caprichadíssimo, entre a defesa, para deixar Vitinho na área. No acerto da passada, o camisa 11 bateu rasteiro na saída do goleiro. 1 a 0 em minutos. Jogo confortável. Não fosse o calor.

A busca do Flamengo por imprimir um ritmo forte ao jogo acabou por sucumbir na reta final do primeiro tempo – e, nisto, é impossível ignorar o horário muito precoce e o calor forte. Houve uma alternância de ritmos. A Chapecoense, dominada na maior parte, passou a dar botes com mais facilidade no campo rival, acelerando o jogo. Pecava, porém, por pura limitação técnica. O passe final invariavelmente falhava. O que não faltava ao Flamengo. Mesmo quando o jogo melhor fluiu, o time apresentou o mesmo estilo da equipe titular. E uma característica que chama atenção: a fartura de bolas que o lateral-direito recebe. É assim com Pará, foi assim com Rodinei neste domingo. São estilos diferentes, mas a equipe trabalha para dar o último passe ao seu lateral-direito. Rodinei, por vezes, acelerou fácil nas costas de Bruno Pacheco. E colecionou decisões erradas. Passes rasteiros que deveriam ir por cima ou vice-versa.

O Flamengo foi bem superior na primeira etapa, terminou com 62% de posse de bola. Mas, claro, esteve longe de ser perfeito. Deu espaços para contra-ataques, a ponto de sofrer sete finalizações – quatro na meta. Em tantas investidas, uma delas quase resultou em gol – mas ainda assim foi possível ver algo positivo. Ainda que a defesa tenha vacilado ao permitir o cruzamento de Bryan da direita, passando por toda área, a ótima recuperação de Ronaldo, evitando qualquer o chute de Bruno Pacheco, ressaltou a boa atuação do volante. Com firmeza na defesa, também apareceu bem no ataque, como comprovou o segundo gol. São 11 jogos na temporada e o ritmo, necessário desde 2017, enfim parece surgir para o jogador. Uma ótima opção para Willian Arão. Se a capacidade de infiltração e o jogo aéreo não são iguais, o maior vigor para dar consistência defensiva ao meio parece compensar. Tentou 55 passes, errou dois. Teve três desarmes.

Ao fim, Fla mantém estrutura, com ataque ainda mais móvel

A presença de Ronaldo à direita era mais um componente para reforçar a utilização de Rodinei. Foi o volante a iniciar a jogada que poderia ter resultado no segundo gol. Achou Rodinei à direita. O camisa 2 passou com facilidade e rolou ao meio, a Lincoln. Ao se enrolar com a bola, o atacante – apagado até então – viu a pelota sobrar para Ronaldo, que tentou o arremate. Na bola prensada, Lincoln saiu cara a cara com Tiepo e acabou derrubado. Diego, em manhã razoável, teve a oportunidade dourada de fechar o primeiro tempo com dois gols de diferença e cobrou muito mal, nos pés do goleiro, que ainda fez ótima defesa em nova tentativa do camisa 10, de de voleio. Falha reiterada que permite questionar se deve continuar a ser cobrador de pênaltis. O primeiro tempo terminou com um Flamengo superior, mas aquém diante do que criara.

Para sorte de Diego e do próprio Flamengo, a Chapecoense pouco mudou no início da etapa final. Voltou a dar espaços e viu Berrío achar Ronaldo na linha de fundo, tal qual Arão. O cruzamento rasteiro achou Lincoln, oportunista, dentro da grande área. O garoto de 18 anos completou para o gol e mostrou que com quanto mais minutos atuar – tinha 98 no ano até então – terá mais chance de ser até mais opção para o ataque do que Uribe. Joga pelos lados, por dentro e tem habilidade. Falta confiança após início de temporada claudicante, com lesão na Seleção sub-20 e ausência na lista de inscritos na Libertadores.

Ao fim, Chape se lança ao ataque em busca de velocidade pelos lados

O 2 a 0 mostrou uma Chapecoense até certo ponto conformada, como se na projeção de pontos já não contasse com nenhum deles no Maracanã diante do Flamengo. Avançou um pouco a equipe com substituições, tentou ter velocidade pelos lados com Rildo e Arthur Gomes, explorando os avanços dos laterais rubro-negros, mas foi muito pouco. Pelo centro, contava com Márcio Araújo como um dos articuladores, principalmente após a entrada de Elicarlos. Simbólico. Justamente por ali, o Flamengo teve outro destaque em campo, Piris da Motta. Quatro desarmes, 57 passes certos em 58 tentados*. Forte na marcação, controlou espaços e mostrou força no embate. É possível, até, que se junte a Cuellar de acordo com a necessidade da partida. Há opções. E há correções.

Em um jogo tranquilo como o do Maracanã, o Flamengo deveria se acostumar a não sofrer gols. Em um escanteio nos acréscimos, Gum subiu para aproveitar o vacilo de Ronaldo ao deixá-lo solto. Um 2 a 1 que voltou a alertar: são 23 gols sofridos em 27 jogos oficiais em 2019. Em apenas oito o Flamengo não foi vazado. Em competições mata-mata, como a Copa do Brasil que se inicia na quarta-feira, é um ponto muito relevante. São sete pontos no Campeonato Brasileiro, com três rodadas iniciais diante de adversários importantes – dois deles fora de casa. O início do Flamengo é bom no Campeonato Brasileiro. Mas além disso, o olhar deve ser para a temporada: Libertadores e Copa do Brasil correm paralelamente. O elenco deve ser usado. E diante da Chapecoense, o time B passou com certa facilidade. Ainda que falte um pleno acerto do conjunto, há individualidades que podem fazer a diferença na temporada e comprovam: sim, o elenco do Flamengo é forte. E pode ser muito competitivo.

*Números app Footstats Premium

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2X1 CHAPECOENSE
Local: Maracanã
Data: 11 de maio de 2019
Árbitro: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS)
VAR: Leandro Vuaden (RS)
Cartões amarelos: Diego, Ronaldo (FLA) e Bryan, Alan (CHA)
Público e renda: 57.494 pagantes / 61.023 presentes / R$ 1.692.892,00
Gols: Vitinho (FLA), aos sete minutos do primeiro tempo, Lincoln (FLA), aos cinco minutos e Gum (CHA), aos 48 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Diego Alves, Rodinei, Thuler, Rodrigo Caio e Trauco; Piris da Motta, Ronaldo e Diego (Everton Ribeiro, 38’/2T); Berrío (Bill, 38’/2T), Vitinho (Bruno Henrique, 27’/2T) e Lincoln
Técnico: Abel Braga

CHAPECOENSE: Tiepo, Bryan, Gum, Douglas e Bruno Pacheco; Régis (Arthur Gomes, 12’/2T), Augusto, Márcio Araújo, Alan Ruschel (Elicarlos, 12’/2T) e Renato (Rildo, 32’/2T); Everaldo
Técnico: Ney Franco

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