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O Vasco é um só: longe de sua gente em um turbulento São Januário, time cai na estreia

Paulinho Vasco Bangu Carioca 2018

Paulinho Vasco Bangu Carioca 2018

O Vasco é um só. É inútil tentar separar o time de uma crise política talvez sem precedentes na história de São Januário e apostar que tudo irá funcionar. Não irá. Ainda que tenha surpreendido em 2017, o elenco de Zé Ricardo chegou em 2018 enfraquecido tecnicamente com as perdas de Mateus Vital, Madson, Anderson Martins e Jean. As três primeiras saídas consequências diretas do desmando nos corredores do clube. Com dez dias de preparação e um ambiente incerto, claro, o time não correspondeu e acabou derrotado por 2 a 0 pelo Bangu dentro de casa.

Caso ainda duvide, caro torcedor, pegue a declaração do goleiro Martín Silva ao fim do jogo ao Premiere. Um desabafo que deixa claro como a inconstância de um ambiente com salários atrasados, incerteza sobre estreia e falta de pagamento de salários para a viagem na principal competição do ano, a Libertadores, deixa tudo turbulento. Ainda assim, o time tentou. Mas parecia não ter cabeça e se sentir desconfortável em um São Januário que não tinha presidente. Mas, sim, dois administradores.

No camarote da presidência, Eurico Miranda. Na tribuna de honra nas sociais, Júlio Brant. Uma imagem simbólica de um Vasco dividido entre poderes dentro enquanto a torcida, sua gente que move o Gigante da Colina, apertada atrás de um portão. Um Vasco isolado, sem canto, cores, voz. Sufocado. Claro, o time sente. Até o adversário sente o ambiente hostil, vazio. E o jogo demorou a esquentar.

No início: chegada de Evander junto ao trio atrás de Andrés Ríos

Zé Ricardo tentou manter a linha de pensamento de 2017, mesmo com os desfalques definitivos. Um time com 4-2-3-1, mas que ensaiava um 4-1-4-1 quando Wellington permanecia mais preso ao campo defensivo, liberando Evander para aproximar do trio formado por Wagner, Nenê e Paulinho. À frente, Andrés Ríos. Claramente o pedido era por troca de passes, calma para se aproximar ao ataque. O Bangu cedia alguns espaços e não foi raro observar Martín Silva dar um passe para Nenê no meio de campo ao iniciar o jogo. A dupla de zaga desentrosada formada pelo estreante Luiz Gustavo e o prata da casa Ricardo Graça errava a passada no avanço e recuo. A rigor, apenas a cabeçada de Evander na trave em escanteio cobrado por Nenê assustou o Bangu.

O Alvirrubro, bem postado, chamava o Vasco e tentava sair em contra-ataques em um primeiro momento. Mas quando viu o time de Zé Ricardo com pouca organização, subindo em demasia com os laterais, passou a ajustar os passes e trabalhar mais no campo rival. Bola em Almir que acionava as pontas. Em uma delas, Guilherme cruzou da esquerda, a bola rebateu em Marcos Junior e sobrou para Rodney chutar cruzado. 1 a 0 no silencioso São Januário.

Ao fim, atacantes empilhados e time mais desorganizado

O segundo tempo trouxe um Vasco ainda confuso em campo. Mais espaçado, mais campo ao Bangu. Talvez por cansaço do início de temporada precoce, talvez por não ter a cabeça no lugar por conta do tumulto político. Mas o Vasco é um só. Por mais que Zé Ricardo tenha tentado poupar os jogadores, revezar pulmões e pernas, o time parecia sonolento. Ainda preso. Ate indeciso. Sob os olhos de Eurico e Júlio Brant, o Vasco ainda assim era um só em campo.

A ideia foi avançar ainda mais os laterais e empilhar atacantes para tentar pressionar o Bangu. Paulinho, Paulo Vitor, Caio Monteiro. Guilherme Costa e Nenê mais atrás. Todos ao ataque com Andrey tentando iniciar o jogo e à frente da defesa, já com Desabato. O Bangu se aproveitou. Conseguiu ter momentos para trocar passes no campo adversário de novo. Mas esperava um bote fatal. Ele veio aos 37 minutos do segundo tempo. Pikachu errou a saída de bola, Guilherme cruzou rasteiro para Anderson Lessa, livre na pequena área, escorar e sacramentar o placar final.

Dentro de campo, derrota na estreia oficial, elenco desfalcado e incertezas para o início da Libertadores. Fora, os dados rolam nesta sexta-feira na eleição do Conselho Deliberativo, na sede náutica da Lagoa. Eurico, Brant, Campello. Ou outro? Nada é incerto na nau à deriva vascaína. O campo é a política. A política é o campo. O Vasco deve ser salvo. O Vasco é gigante para tamanhas picuinhas. O Vasco é um só.

FICHA TÉCNICA
VASCO 0X2 BANGU

Local: São Januário
Data: 18 de janeiro de 2017
Horário: 19h30
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães
Público e renda: portões fechados
Cartões Amarelos: Andrés Ríos (VAS) e Michel (BAN)
Cartão vermelho: Nenê (VAS), aos 48 minutos do segundo tempo
Gols: Rodney (BAN), aos 41 minutos, e Anderson Lessa (BAN), aos 37 minutos do segundo tempo

VASCO: Martín Silva; Yago Pikachu, Luiz Gustavo (Desabato, 16’/2T), Ricardo e Henrique; Wellington (Caio Monteiro, 16’/2T) e Evander (Andrey, 37’/2T); Wagner (Guilherme Costa, 37’/2T), Nenê e Paulinho; Andrés Ríos (Paulo Vitor, 27’/2T)
Técnico: Zé Ricardo

BANGU: Célio Gabriel; Valdir, Michel, Dalton (Rogério Xodó, 19’/2T) e Guilherme; Marcos Júnior, Rodney (Oliveira, 19’/2T), Magno e Almir (Leonardo Jesus, 31’/2T); Sidney (Everton Sena / Intervalo) e Nilson (Anderson Lessa, 31’/2T)
Técnico: Alfredo Sampaio

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