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Ao seu ritmo: Flamengo derruba de novo o São Paulo e vai à decisão da Copa do Brasil

Pedro Arrascaeta gol São Paulo Flamengo Copa do Brasil 2022 semifinal Maracanã

(Marcelo Cortes / Flamengo)

Filipe Luís Flamengo 2022 semifinal Copa do Brasil Maracanã São Paulo

(Marcelo Cortes / Flamengo)

Alguns podem qualificar como soberba tal autoconfiança. Se não houver cuidado, verdade, pode até descambar para tal pecado. Mas o susto no início da temporada, a necessidade de reinvenção e o encaixe em seguida talvez impeçam este Flamengo de 2022 de cometer por erro. Por isso readquiriu a característica de outros tempos, dos moldes vencedores, mesmo com uma formação refeita. É um Flamengo, de novo, que dita o ritmo. O seu, do adversário, do confronto, do jogo. Novamente uma vitória sobre o São Paulo. Desta vez mais comedida, 1 a 0. Mais uma vez uma final em 2022. Agora inédita para essa geração. A 13ª decisão em mata-mata de um grupo que não cansa de traçar linhas douradas em páginas banhadas de rubro-negro. Mais uma vez, um Flamengo ao seu tempo. Ao seu ritmo. Em uma final.

Longe aqui de apontar que se trata de um time que não é exigido pelos seus adversários. Claro que é. Se o time de 2019, em padrão bem superior, era, imagine então este. Foi bastante incomodado por esse próprio São Paulo já no jogo de ida no Morumbi. Mas assim como o time histórico de três anos atrás tem gosto pela letalidade. Um desassossego do rival e já era. Foi-se. A jogada encaixa, os jogadores se acham, a rede balança e a massa explode. Dorival Júnior sabe disso. Por isso cobra tanto foco nos mata-matas. Precisa de um time inteiramente concentrado, consciente do que precisa executar. Movimento, passe, encaixe. É meio caminho pavimentado. Trabalha para ter a equipe em boas condições, de maneira completa. Duas semanas depois a teve de novo. Completinha. No 4-3-1-2 ou 4-4-2, como queiram, com o losango já famoso. A formação, convenhamos, nem é preciso gastar tinta virtual por aqui para você relembrar aí do outro lado.

Flamengo no início: time ideal depois de duas semanas

Com a vantagem de 3 a 1, a responsabilidade era do São Paulo. Todinha de Rogério Ceni e seus rapazes no Maracanã. Se já não é do feitio do técnico aguardar em seu campo e contragolpear, imagine com a necessidade de vitória por ao menos dois gols. Rogério pôs o São Paulo em um 4-4-2, Alisson e Patrick pelos lados, avançando bem e se aproximando da dupla Luciano e Calleri. Com um Flamengo tão concentrado no jogo pelo dentro é sempre de se imaginar que há espaço pelos lados. O São Paulo agredia e desde o início acenou com a marcação na saída de bola e vigília constante nos meias rubro-negros. Pablo Maia em cima de Arrascaeta, Nestor em Everton Ribeiro. Os atacantes em zagueiros ou laterais. Dessa maneira conseguiu recuperar algumas bolas e finalizar na meta de Santos. Em uma, chute de Luciano, o goleiro bateu roupa, mas defendeu logo em seguida. Em outra, Patrick chegou pela esquerda na área e chutou forte, a bola voou por cima, saiu pelo outro lado. Nada, portanto, que assustasse de fato.

São Paulo no início: mais ofensivo, força pelos lados e dupla no ataque

O Flamengo não via motivos para acelerar o jogo o tempo todo, impor total intensidade a um confronto controlado. Dois gols de vantagem, superioridade técnica, ambiente a favor. Pôs em campo seu jogo usual de maneira mais sóbria e, também, apresentou um problema que tem sido recorrente: um espaço mais farto entre os três homens mais avançados – Arrascaeta, Pedro e Gabigol – e os três do meio – Thiago Maia, João Gomes e Everton Ribeiro. Por ali o São Paulo, inclusive, soube explorar alguns contra-ataques. Havia espaço, mas pouca criatividade. A bola geralmente era alçada à área e bem rebatida para David Luiz, em noite inspirada, com categoria para a saída de um dos laterais. Era um time que ditava o próprio ritmo. Conduzia, acelerava e pausava conforme achava necessário. Gabigol, pendurado, mostrava ser possível manter o autocontrole: evitava reclamar de qualquer falta e dava combate no capo defensivo sem exageros. E o jogo circulava entre defesa, meio, variando de um lado a outro, geralmente com início entre David Luiz ou Filipe Luís. O lateral, aliás, é caso que vale destacar.

Ao menos desde o início de 2020 já era evidente que não é capaz de suportar a maratona de jogos a cada três dias. Imaginem aos 37 anos. Se deseja tê-lo no seu alto nível atual, o Flamengo deve tê-lo uma vez por semana ao máximo, como tem ocorrido atualmente. E vale a pena. Filipe controla o jogo classe e inteligência. Organiza a saída e passa ao meio com a categoria de um volante. Não foram raras as vezes nas quais chegou a ocupar um espaço à direita, mais avançado, ajudando na construção do jogo enquanto Everton Ribeiro caía mais ao centro. O jogo era bom, solto. O São Paulo tentava reduzir espaços próximos à sua área ao pressionar o Flamengo a qualquer custo. Mas novamente: basta uma desatenção, um simples piscar de olhos.

Fla no fim: rodar elenco, garotos e veteranos Diego e Vidal

O primeiro aviso veio em recuperação de bola com João Gomes e a passada rápida a Gabigol, que girou e bateu forte, de longe, para rápida defesa de Jandrei. Em seguida, a qualidade. João Gomes recebeu de Filipe Luís pelo centro, foi pressionado e recuou a David Luiz. Sem pressão, o zagueiro mostrou uma de suas grandes características, que o time sempre teve com Rodrigo Caio: uma ótima saída de bola em passes agudos. Assim ele achou Pedro na intermediária. Léo tentou antecipar. Em vão. No pivô ele tocou em Everton Ribeiro, que teve campo livre pela frente. O Flamengo aumentou seu ritmo. Momento de acelerar. Arrascaeta passou por Diego Costa e tocou com categoria na saída de Jandrei. 1 a 0 para o Maracanã explodir em festa. E o São Paulo, abatido, entender que a montanha ficara ainda mais íngreme. Desta maneira o Flamengo fareja que é o momento de acelerar o jogo. Pressionar, tentar resolver logo a questão. Assim o fez. Apenas não traduziu no placar.

São Paulo ao fim: garotos e resignado com a eliminação

Gabigol enfiou linda bola para Arrascaeta, travado por Diego Costa. No rebote, o próprio Gabigol tocou por cobertura e a pintura só não saiu porque Jandrei foi astuto o suficiente para afastar a bola como um jogador de vôlei. Manchete nela, para bem longe, quando de novo Gabigol – e também Pedro – ali já estava afoito por um possível rebote. Foram, talvez, os últimos minutos em alerta do Flamengo na partida. Eram os minutos necessários. A descida para o intervalo em vantagem indicava que o panorama difícil mudaria. Como não mudou. De novo, o Flamengo indicou o próprio ritmo. Baixou a intensidade. E voltou a administrar. Ciente, o próprio São Paulo adaptou-se ao ritmo e só assustou mesmo em chance perdida de Calleri após rebote em bola na trave aos cinco minutos da etapa final. De restante, Rogério fez suas trocas apenas com 20 minutos. Welington na esquerda e Galoppo no meio. Pouco. Coube a Dorival fazer o seu giro e quase nem mesmo poupar amarelados. Everton Ribeiro saiu aos 24 minutos, Gabigol João Gomes apenas aos 42 minutos e Gabigol permaneceu durante todo o tempo.

Restava a essa geração disputar a Copa do Brasil. Terá, enfim, a sua chance. Levou o clube à sua oitava final. Desde 2019 vai ser a 13ª decisão em mata-mata. Entre reinvenções, o Flamengo mantém a sua segunda era de ouro ainda pulsante, com possibilidade de taças e torna rotineira a presença em finais. E agora, uma vez mais, toca tudo ao seu ritmo.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 1X0 SÃO PAULO

Data: 14 de setembro de 2022
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO – Fifa)
VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN – Fifa)
Público e renda: 58.417 pagantes / 62.977 presentes / R$ 5.499.219,25
Cartões amarelos: Léo Pereira (FLA) e Reinaldo, Wellington (SAO)
Gol: Arrascaeta (FLA), aos 35 minutos do primeiro tempo

FLAMENGO: Santos, Rodinei, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia (Vidal, 24’/2T), João Gomes (Matheus França, 42’/2T), Everton Ribeiro (Victor Hugo, 24’/2T) e Arrascaeta (Diego, 38’/2T); Gabigol e Pedro (Everton Cebolinha, 38’/2T)
Técnico: Dorival Júnior

SÃO PAULO: Jandrei, Igor Vinícius, Diego Costa, Léo e Reinaldo (Welington, 20’/2T); Pablo Maia, Nestor, Alisson (Galoppo, 20’/2T), Patrick (Talles, 34’/2T); Luciano (Juan, 40’/2T) e Calleri (Eder, 40’/2T)
Técnico: Rogério Ceni

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