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Joga e ganha: sob batuta de Gerson, Flamengo passa bem pelo Sport

Gustavo Henrique Flamengo

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Pedro Flamengo Sport Brasileiro 2020

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Tão logo o apito final soou no Maracanã com a vitória do Flamengo por 3 a 0 sobre o Sport e comparações com as primeiras 13 rodadas do time em 2019 vieram à tona. Campanhas similares, inegável. O olhar mais atento, porém, indica algo além dos números na tabela. Domènec Torrent já demonstra um maior conhecimento do elenco, com segurança suficiente para promover mudanças e até beber em boa fonte do passado. Recheado de desfalques, principalmente sem seus principais meias, recorreu a Gerson pelo lado direito como Jorge Jesus fizera no clássico contra o Botafogo no ano passado. O camisa 8 colocou o jogo no bolso, foi o maestro e com a preciosa pontaria de Pedro deu ao time mais um passo na tabela na caça ao Atlético-MG.

Sem Rodrigo Caio, Everton Ribeiro e Arrascaeta – fora os lesionados Diego Alves e Gabigol – a dúvida que girava em torno da escalação do Flamengo não se devia aos nomes. Mas, sim, à formação. Dome manteria o 4-2-3-1 com a alternativa de Gerson pelo lado direito? Assim que os jogadores entraram em campo e se posicionaram para o pontapé inicial, a ideia ficou clara. Pedro à frente, com Bruno Henrique, Diego e Gerson por trás. Willian Arão e Thiago Maia como volantes. Time no campo adversário, a girar a bola. Mas girar até demais. O Sport de Jair Ventura subiu na tabela do Brasileiro justamente com a facilidade de trancar bem o jogo rival e sair em velocidade. Fecha o meio e induz o adversário a caminhar pelos lados. A tentativa era um 4-2-3-1 de Jair Ventura, mas na verdade o time se portava quase sempre defensivamente, num 4-4-2, com Thiago Neves e Hernane Brocador mais soltos à frente.

Fla no início: 4-2-3-1 com Gerson pelo lado direito

A melhor solução para o Flamengo seria ter jogadores dribladores, capazes de furar o bloqueio num belo lance individual, e girar bem rapidamente a bola para descoordenar a organização defensiva do time de Jair Ventura – seu ponto forte desde os tempos de Botafogo. A equipe, porém, cadenciou demais o jogo, principalmente quando a bola passava por Diego. O camisa 10 funciona atualmente como uma válvula de escape para tirar a aceleração do jogo, o contrário do necessário diante do Sport. Não que Diego estivesse mal. A sua característica atual é muito distinta da velocidade e dos passes verticais de Arrascaeta. O jogo flui menos.

Num passar de bola de pé em pé mais lento, o Flamengo ocupava o campo adversário, girava, muitas vezes com inversões de jogo, de um lado a outro, mas não penetrava na defesa rival. O lado direito era o que funcionava e não à toa. Gerson emulava Everton Ribeiro: canhoto, com facilidade para o drible – embora menos do que o Camisa 7 – e que busca o jogo pelo meio para abrir o corredor para Isla. O chileno vai sempre ao fundo, sabe explorar as costas do adversário. É simbólica que a grande chance do Flamengo no primeiro tempo tenha saído pelo setor. Cruzamento de Isla para cabeceçada à queima-roupa de Pedro e defesa espetacular de Luan Polli. E o Sport? Bom, concentrado em se defender, o time teve algumas saídas, principalmente com Marquinhos mais à esquerda, aproveitando as subidas de Isla. Mas era pouco. Lucas Mugni tentava fechar o lado direito e cair por dentro para trocar ideias com Thiago Neves, este uma nulidade. Em uma bola alçada na área e um chute cruzado de Patric após rebatida ruim de Thiago Maia na área. O primeiro tempo, insosso, ficou por aí.

Sport no início: bem retraído, fechando espaços do Flamengo

Na segunda etapa o Flamengo aumentou a rotação. Manteve o 4-2-3-1, mas fez a bola girar mais rápido, buscando os lados do campo com maior aproximação, sem as inversões com bola longa do primeiro tempo. Diego tentou acelerar mais os passes. E Gerson, então, tomou o jogo para si. O meia já tinha dado cansaço a Sander, que saiu no intervalo, e complicou ainda mais a vida de Luciano Juba. Proteção de bola, giro, drible curto e passe. Infernal para qualquer marcador. A pressão rubro-negra funcionou no início do segundo tempo, utilizando o desafogo do lado direito. Gerson levou a bola para dentro, tocou em Diego, que girou rápido para Isla no fundo. O cruzamento saiu alto, até a outra ponta, onde Bruno Henrique ajeitou para Pedro bater para o gol. 1 a 0. E o Sport, então, desmoronou. Passou a ceder mais espaços. Contra o Flamengo, ainda que de forma momentânea, é fatal. Diego cobrou escanteio na cabeça de Gustavo Henrique. 2 a 0.

Fla ao fim: Dome observa Matheuzinho na ponta, Pepê no meio

Atônito, o time de Jair Ventura se desmantelou e seguiu a entregar espaços. O Flamengo continuou a atacar em bloco. Cinco, seis jogadores na área. Difícil para qualquer marcação. Filipe Luís subiu com mais desenvoltura pelo lado esquerdo, fazendo papel por dentro, tabelando com Bruno Henrique. Gerson entrava na área ao lado de Pedro, Isla chegava pela direita. Bruno recebeu pela esquerda, abriu para dentro e cruzou na medida para Pedro na área. A matada da bola é característica de centroavante de alto nível. A conclusão, suave, ressaltou ainda mais o tamanho do Camisa 21, de volta a uma grande fase. 3 a 0 e jogo basicamente finalizado.

Sport ao fim: time mais à frente, mas já três gols atrás no placar

Jair Ventura, então, tentou liberar um pouco mais o Sport ao ataque para diminuir o prejuízo no saldo de gols. Abriu um 4-2-3-1 com Leandro Barcia à frente, Maxwell e Rogério pelas pontas, Jhonatan Gómez centralizado. Pouco funcionou. Mesmo com mais espaço, o Flamengo diminuiu o ritmo de olho na maratona de jogos na sequência da semana. Gerson passou a prender mais a bola, fazer o tempo passar e Domènec Torrent aproveitou, então, para fazer observações e conhecer mais o elenco. Sacou Diego, pôs Matheuzinho no lado direito e passou Gerson ao meio. Minutos depois, poupou as energias de Gerson – como já fizera com Pedro e Filipe Luís – e tentou Pepê como meia centralizado. Não houve mais ameaça de parte a parte.

Uma partida que se anunciava difícil no primeiro tempo e teve fácil resolução no segundo. Um Flamengo com 61% de posse, seis finalizações no gol contra apenas uma do Sport e 572 passes trocados*. Com cinco desfalques pesados, o elenco suportou. Com Gerson à direita, como contra o Botafogo no ano passado. Tem Natan como ótima opção de zaga, seguro. Assim como Hugo Neneca no gol. E tem Pedro em fase iluminada. É o melhor finalizador do futebol brasileiro e faz o jogo fluir. O Flamengo busca soluções e sai forte da crise da covid. Domènec conhece melhor seus jogadores. Testa ideias. Vê opções. O Flamengo não só ganhou. Também jogou. Não é pouco.

*Números do SoFaScore

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 3X0 SPORT

Local: Maracanã
Data: 07 de outubro de 2020
Árbitro: Caio Max Augusto Vieira (RN)
VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN)
Público e renda: Portões fechados
Cartões amarelos: Patric, Marcão (SPO)
Gols: Pedro (FLA), aos seis minutos, Gustavo Henrique (FLA), aos nove minutos, Pedro (FLA), aos 14 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Hugo Neneca, Isla, Gustavo Henrique, Natan e Filipe Luís (Renê, 31’/2T); Wilian Arão e Thiago Maia; Bruno Henrique (Vitinho, 31’/2T), Gerson (Pepê, 40’/2T), Diego (Matheuzinho, 36’/2T); Pedro (Lincoln, 36’/2T)
Técnico: Domènec Torrent

SPORT: Luan Polli, Patric, Maidana, Adryelson e Sander (Luciano Juba / Intervalo); Marcão e Ricardinho; Marquinhos (Rogério, 27’/2T), Thiago Neves (Jhonatan Gomez, 34’/2T) e Lucas Mugni (Leandro Barcia, 13’/2T); Hernane Brocador (Maxwell, 34’/2T)
Técnico: Jair Ventura

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