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Olá, América! Fluminense mastiga Sporting Cristal e demonstra força na estreia

Cano Fluminense gol estreia Libertadores 2023 Sporting Cristal

(Marcelo Gonçalves / FFC)

Marcelo estreia Fluminense 2023 Libertadores Sporting Cristal

(Marcelo Gonçalves / FFC)

Indicar capacidade de recuperação era fundamental ao Fluminense. Não se tratava apenas de dar sinais para a decisão do Campeonato Carioca. Sim, o Estadual é importante. Há a defesa do título. Mas, convenhamos, a mente e o coração tricolores pensam na América. Então na lista de prioridades está lá grifada, no topo, em verde, branco e grená: Libertadores. Em um grupo tão difícil era necessário iniciar bem. Indicar que o baque do jogo de ida do Carioca diante do Flamengo passara. E o Fluminense de Fernando Diniz respondeu. Intenso, com alternativas de jogo, estreia de craque e várias finalizações, deu o recado ao grupo e à Libertadores na virada de 3 a 1 sobre o Sporting Cristal, em Lima: voltou à América para competir. E muito.

É um time diferente – e como – daquele que decepcionou a torcida há um ano ao cair ainda na fase preliminar diante do Olimpia. Uma equipe mais amadurecida no modelo de jogo de Diniz, com o terceiro lugar no Brasileiro e a semifinal da Copa do Brasil nas costas. Quando vence invariavelmente vence bem. O 4-2-3-1 serve mesmo para a formatação de divulgação. A rigor, tudo se mistura, o meio se encharca e o Fluminense é um organismo vivo, que se movimenta o tempo todo, com troca de posições, toques rápidos, curtos que empurram o adversário. Sem Martinelli, lesionado, o momento de estrear Marcelo se fez. Alexsander simplesmente caiu para o meio e o grande reforço ocupou seu habitat com naturalidade. Mas tão logo a bola rolou e foi interessante notar: como faz funcionar a equipe John Arias. O colombiano é onipresente. Está em todos os cantos do campo. Alterna da direita à esquerda. E lá estava ele para servir Cano, que bateu de chapa e obrigou Solís a defender no susto.

Sporting Cristal no início: Yotún e Grimaldo acionados

O Sporting Cristal de Tiago Nunes parecia assustado. Mal começara o jogo e o adversário já viera para cima como um rolo compressor, ocupando o meio, trocando passes, triangulando pelos lados. Em um 4-1-4-1, o time tinha em Yotún – aquele – uma espécie de faz-tudo na linha atrás de Brenner, enquanto Grimaldo espetava à esquerda em busca das costas de Samuel Xavier – problema já aproveitado por Ayrton Lucas no Fla-Flu. Mas o Fluminense continuava a pressionar. Alternava seus pontas. Keno aparecia pela direita e por ali recebeu ótima bola de Alexsander para cruzar na pequena área. Quase Cano alcançou. O gol tricolor parecia questão de tempo. Mas o futebol…

Flu no início: Marcelo na lateral, Alexsander pelo meio

Em uma baixada de temperatura tricolor, o Cristal conseguiu avançar e pressionar a saída de bola. Gerou incômodo. Em uma dessas, Felipe Melo acabou desarmado por Yotún, que ligou em Castillo pelo centro. Dali a Grimaldo na esquerda foi um passe. Livre, ele tocou sem chances para Fábio. 1 a 0. Um gol que relembrou bastante o de Ayrton Lucas no Fla-Flu. Jogada iniciada pelo lado direito, atraindo toda a marcação tricolor e desenlace na esquerda, com finalização limpa, sem pressão e um desesperado Samuel Xavier em busca de travar o chute. Foi o momento de maior desequilíbrio tricolor na partida. O Sporting Cristal avançou, trocou passes no campo ofensivo, mas sem de fato maiores ameaças. Sosa tentava pressionar Marcelo à direita do ataque, conversar com Yotún e Castillo. Mas André e Alexsander funcionavam bem. E foi até curioso: o jogo tricolor tinha melhor, fluidez, claro, pelo chão. Toques rápidos, triangulações. Mas o gol – e até o gols futuramente – saiu em um lance de escanteio. De Arias a Nino, excelente cabeçada para também excepcional defesa de Solís. No rebote, Cano, sempre ele, não deu perdão. 1 a 1 que controlou os nervos para o segundo tempo.

Cristal ao fim: Corozo como alternativa para explorar esquerda

Mais calmo, o Fluminense voltou novamente superior para comprovar no placar o que se via em campo. Felipe Melo, amarelado, foi sacado para a entrada de um eficiente e seguro Vitor Mendes. Voltou a encharcar o meio e empurrar o Cristal para a defesa. E havia espaço. Arias circulava com tranquilidade de um lado a outro, especialmente às costas dos volantes, e dava enorme trabalho a Pretell. A presença tricolor na área se acumulava com facilidade. E, claro, a genialidade de Marcelo teria participação na virada, fatalmente. Por mais que ainda esteja longe do ideal. Por mais que esteja em readaptação a um futebol que não atua há 17 anos. É craque. Teve bons movimentos. Mas ainda que seja lateral-esquerdo conseguiu brilhar na direita. O tapa na bola, rasteiro, de trivela, foi sublime. Matou a defesa que certamente esperava uma inversão à esquerda. Arias leu a ideia e se projetou ao fundo. O toque sutil para trás encontrou Cano sozinho. Mais um toque e rede. 2 a 1.

Flu ao fim: meias, Alexsander lateral e Vitor Mendes na zaga

 

Vantagem no placar, Diniz passou a gerenciar o lado físico. Sacou Marcelo e Keno e pôs Lima e Pirani. Apostou por alguns instantes em bolas longas, chamando o Sporting Cristal. MAs, no fundo, corria pouco perigo. O time peruano mostrava esforço, contava com o bafo da torcida, mas tinha claras limitações. Corozo, ao entrar pela esquerda, foi uma tentativa de Tiago Nunes de explorar o lado mais deficiente da defesa tricolor. Conseguiu pouco. A rigor, o Fluminense assustava mais. Havia espaço com bolas por dentro e pelo lado. Cano recebeu uma delas e ao tentar finalizar foi puxado – pênalti ignorado pelo árbitro e pelo VAR – por Díaz. Por mais fôlego e força, Thiago Santos e Lelê fizeram suas estreias. E Vitor Mendes, como um foguete, sacramentou a vitória ao cabecear novo escanteio de Arias para o gol. 3 a 1.

Um Fluminense amplamente superior no Estádio Nacional de Lima. 57% de posse*, 25 finalizações contra seis do Sporting Cristal. A estreia de Marcelo, com muito mais refinamento técnico à equipe. Sem Martinelli, Diniz encontrou alternativa e manteve o time dinâmico. Sacou Felipe Melo com inteligência e encontrou em Vitor Mendes segurança e eficiência. Abordar a artilharia de Cano é desnecessário. André é brilhante. Ganso dá enorme fluidez. Mas o momento de Arias, onipresente, com passes, fôlego, criatividade representa o que há de melhor numa faceta nova da equipe de Fernando Diniz. Intensa, com dinamismo. Se indicar recuperação era fundamental, o Fluminense foi além. Mostra que pode muito em 2023. Não só ainda no Carioca, mas na própria Libertadores. Olá, América.

*Números SoFa Score

FICHA TÉCNICA
SPORTING CRISTAL 1X3 FLUMINENSE

Data: 05 de abril de 2023
Local: Estádio Nacional de Lima, no Peru
Árbitro: Wilmar Roldán (COL – Fifa)
VAR: John Perdomo (COL)
Público e renda:
Cartões amarelos: Ignacio, Castillo (SCR) e Arias, Felipe Melo, Marcelo, Vitor Mendes, Nino (FLU)
Cartão vermelho: Yotún (SCR), aos 50 minutos do segundo tempo
Gols: Grimaldo (SCR), aos 17 minutos e Cano (FLU), aos 34 minutos do primeiro tempo e Cano (FLU), aos 13 minutos e Vitor Mendes (FLU), aos 35 minutos do segundo tempo

SPORTING CRISTAL: Solís, Lora, Chávez, Ignácio e Díaz (Corozo, 23’/2T); Pretell (Távara, 40’/2T); Sosa (Alarcón, 16’/2T), Castillo, Yotún e Grimaldo (Hohberg, 40’/2T); Brenner (Avila, 23’/2T)
Técnico: Tiago Nunes

FLUMINENSE: Fábio, Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo (Vitor Mendes / Intervalo) e Marcelo (Lima, 18’/2T); André e Alexsander; Arias, Paulo Henrique Ganso (Thiago Santos, 31’/2T) e Keno (Gabriel Pirani, 24’/2T); Cano (Lelê, 31’/2T)
Técnico: Fernando Diniz

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