Luan perdeu chances incríveis na partida contra o Botafogo, de João Paulo
Luan perdeu chances incríveis na partida contra o Botafogo, de João Paulo
É chover no molhado dizer ainda que é cedo para avaliações definitivas logo na primeira rodada de um campeonato de 38 rodadas. Mas na avaliação dos porquês de uma derrota tão contundente, vale ao Botafogo uma reflexão sobre a estratégia para jogos fora de casa. A vitória de 2 a 0 do Grêmio, em Porto Alegre, poderia ter sido bem mais elástica caso Luan estivesse em uma noite mais feliz nas finalizações. Não houve chance para o Botafogo em momento algum da partida diante de um adversário organizado, com um jogo objetivo rumo ao gol.
Para tornar sua estratégia efetiva, o Botafogo deve ter seus jogadores extremamente concentrados na questão tática. Há limitações, claro. O time entrou na arena gremista com o mesmo 4-4-2 fechado que derrotou, por exemplo, o Atlético Nacional em Medellín, pela Libertadores. Pimpão fazia a função de meia pelo lado esquerdo, Bruno Silva pela direita, Camilo e Roger à frente. Mas, como dito, o esquema necessita de muita concentração. Não foi o que ocorreu.
O Grêmio de Renato Gaúcho, encaixado em um 4-3-3, marcou o rival na saída de bola para evitar qualquer chance ao contra-ataque. Michel começava as jogadas entre os zagueiros, acionando Arthur ou Ramiro. O meio era todo gremista. Pedro Rocha fazia o vaivém pelo lado esquerdo, enquanto Luan caía pela direita e pelo meio, onde alternava com Barrios sempre que necessário. Um Grêmio faminto por gol. E as chances apareceram diante de um Botafogo sem ideia do que fazer quando pressionado. Camilo, figura apagada, deixava a cargo de João Paulo a tentativa de iniciar o jogo alvinegro. Bastou ao Grêmio pressionar para, em seguida, lamentar as chances de Luan.
Primeiro, quando Pedro Rocha deu bote em João Paulo, rolou para o atacante, que, livre, bateu em cima de Gatito. Mais à frente, Barrios recebeu de Arthur e, de calcanhar, deixou Luan em boa condição. Ele gingou na frente dos zagueiros, mas concluiu mal, por cima do gol. Jair se preocupou. O Botafogo era pressionado, mas não conseguia jogar, ter ao menos as escapadas rápidas tradicionais em jogos fora de casa. Pimpão, alternativa para os contra-ataques, tinha de se preocupar em fechar as subidas constantes de Léo Moura. A tentativa foi inverter os laterais.
Emerson Santos, zagueiro improvisado, saiu da direita para a esquerda. Victor Luis, canhoto, foi para a direita. Houve uma só chance, quando Emerson avançou e cruzou para a área. Na rebatida da zaga, Pimpão bateu forte, mas a bola explodiu na defesa e subiu. A sorte parecia sorrir ao Botafogo ao parecer que o primeiro tempo terminaria sem gols. Que nada.
Antes da descida para o intervalo, Michel recebeu a bola de novo para a saída. Em vez de passar à frente, enxergou Léo Moura correndo disparado por uma avenida pela direita. O lançamento foi de almanaque. Victor Luís tentou acompanhar e não conseguiu. A matada de Léo, de extrema categoria, assim como o cruzamento. Barrios tentou, Gatito salvou. Pedro Rocha bateu de novo, Marcelo salvou na linha. Pela terceira vez, não. Ramiro chutou rasteiro e a bola balançou a rede. Gol chorado. 1 a 0. Ali se fazia justiça a um time que fechava a primeira metade do jogo com 60% de posse de bola e era incisivo, finalizava muito a gol.
No segundo tempo, Jair manteve a equipe talvez na esperança de acertar a marcação e preparar contra-ataques. Mas o time sentia a falta, por exemplo, da zaga titular. E tudo continuou igual. Camilo não criava. Bruno Silva não tinha espaço para avançar pela direita porque tentava fechar o lado para avanços de Marcelo Oliveira e Pedro Rocha. Airton e João Paulo corriam atrás de Arthur e Ramiro.
E a bola de pé em pé no Grêmio. Passes curtos, tabelas, mas sempre à frente, em busca do gol. Aos oito minutos, Barrios chutou, a bola bateu na defesa e voltou para Ramiro, que emendou de primeira. A bola desviou na mão de Luan e encobriu Gatito. 2 a 0. Não havia esperança.
Jair sacou Camilo, inoperante, e colocou Guilherme em campo de imediato. Minutos depois, Airton saiu para a entrada de Gilson. Um time mais ofensivo, em um 4-2-3-1 ao atacar, com Gilson centralizado, João Paulo e Bruno Silva à frente da defesa e Pimpão e Guilherme alternando as pontas. Foi à frente, mas já era tarde. Acabou ainda mais exposto. Em vez de tentar tabelas passando pelo meio, setor que Renato reforçara ao trocar Barrios por Jailson, o Grêmio passou a explorar mais os lados.
Por ali, mais duas chances incríveis foram perdidas.A primeira em cruzamento da esquerda de Cortês para Ramiro, que isolou na pequena área. A segunda de Léo Moura para Luan, também na pequena área, que cabeceou para fora. Gilson, no fim, ainda acertou a trave gremista em um dos avanços. Mas a diferença fora muito grande em campo. Geralmente seguro e eficiente, o Botafogo titubeou e não soube buscar alternativas para entrar no jogo quando percebeu que não havia espaço para contra-atacar.
Talvez seja resultado de seu sucesso. O esquema passa a ser mais visado e estudado. Movimentos decorados. Ainda é cedo para avaliação definitiva. Mas é um indício. Para sobreviver no Brasileiro, o Botafogo vai ter de buscar mais fórmulas para surpreender o adversário. Na estreia, não conseguiu.
FICHA TÉCNICA:
GRÊMIO 2X0 BOTAFOGO
Local: Arena do Grêmio
Data: 14 de maio de 2017
Horário: 19h
Árbitro: Bráulio Machado (SC)
Público e renda: Público: 18.552 pagantes / 20.289 presentes / R$ 679.623,00
Cartões amarelos: Marcelo Oliveira e Ramiro (GRE) e Marcelo, Bruno Silva, João Paulo, Emerson Santos, Rodrigo Pimpão (BOT)
Gols: Ramiro (GRE), aos 46 minutos do primeiro tempo e aos oito minutos do segundo tempo
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura, Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira (Cortês, 26’/2T); Michel, Arthur (Gastón Fernández, 34’/2T) e Ramiro; Pedro Rocha, Barrios (Jailson, 30’/2T) e Luan
Técnico: Renato Gaúcho
BOTAFOGO: Gatito; Emerson Santos, Igor Rabello, Marcelo e Victor Luis; Bruno Silva, Airton (Gilson, 12’/2T), João Paulo e Rodrigo Pimpão; Camilo (Guilherme, 12’/2T) e Roger (Joel, 32’/2T)
Técnico: Jair Ventura