Fred Fluminense gol River Plate Libertadores 2021
Sí, se puede: Fluminense mostra competitividade e pressiona River Plate
29 abril 01:44
Fluminense Santa Fe Fred gol Libertadores 2021
Cartilha da Libertadores: guerreiro, Fluminense arranca vitória na Colômbia
29 abril 14:59

Brilho com evolução: Flamengo goleia La Calera e mostra ajustes na temporada

Gabigol Flamengo 2021 gol La Calera maracanã

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Pedro Flamengo golaço gol La Calera Libertadores

(Alexandre Vidal / Flamengo)

Não faz muito tempo e disputar a Libertadores era visto como alto risco para o Flamengo. Havia sempre a dúvida se qualquer jogo da competição sul-americana não seria motivo para sofrimento do torcedor. Atualmente, o Flamengo é visto como um dos grandes times do continente, temido pelo adversários. Resquícios de Lima e consequência direta da reestruturação que permite ter os ótimos jogadores do elenco atual. A goleada de 4 a 1 sobre o Unión La Calera, no Maracanã, pareceu até trivial. Mas na leitura das entrelinhas do roteiro mostrou a evolução de uma equipe titular que se impõe e insiste em atuar sempre como protagonista, de maneira ofensiva. Há poréns. Mas há, muito mais, evolução.

Rogério Ceni por vezes já indicou que, sim, deseja manter a equipe com caráter ofensivo e alto potencial técnico pelo maior tempo possível em campo. Se assim o fez com o Vélez na estreia da Libertadores, qual o motivo de não repetir contra o La Calera em casa?  Não dá para chamar de time ideal porque Rodrigo Caio, uma vez mais, ficou fora. Aí a única mudança do técnico: Bruno Viana ao lado de Willian Arão. Time no 4-4-2, com o posicionamento característico de algum tempo. Arão, o outro zagueiro e Filipe Luís seguram os passos quase como um trio, Isla cola na linha lateral e dispara ao ataque no corredor aberto por Everton Ribeiro. Arrascaeta alterna muito com Bruno Henrique entre centro e esquerda. Gerson avança a pressionar a saída por dentro do adversário. Diego mantém o posicionamento com uma mudança no seu estilo clássico: jogo mais rápido, com menos posse da bola. Fazer o time andar.

Flamengo no início: sem o buraco no meio, mais protegido

Mas, como dito, o time apresentou falhas defensivas na temporada. Constantes, mas amenizadas com o poderio ofensivo. Contra o Palmeiras, na Supercopa do Brasil, Gerson avançava para dar o bote por dentro. O buraco às suas costas deixava Diego com um latifúndio para cobrir. Espaço ideal para que os adversários trabalhem por ali. Mas não desta vez. Contra o La Calera, o time esteve mais próximo. Se Gerson avança, tinha ajuda de Ribeiro ou Arrascaeta para fechar esse espaço no meio. Ajudar Diego e tornar o time menos vulnerável, sem bolas estourando com frequência nos zagueiros, em jogadas individuais contra os adversários. Melhorou. Com esse entendimento e a pressão na saída de bola, o Flamengo ocupou o campo adversário, como faz tradicionalmente.

La Calera de início: bloco forte por dentro e saída forte pela direita

O time chileno, porém, conseguiu dificultar por algum tempo a entrada na área. Fechava o meio e forçava o Flamengo a trabalhar os lados, especialmente pela esquerda, com Bruno Henrique, Arrascaeta e Filipe Luís. Em uma formação comum na década de 90, num 4-4-2 com losango, o La Calera tinha Castellani à frente da defesa, Valencia e Wiemberg mais à frente. Vargas, avançado e próximo aos atacantes, não retornava tanto. A preocupação de Ceni se dava com os avanços de Ramírez pela direita, com apoio de Valencia. Era necessária atenção de Diego com os avanços de Filipe Luís. O lateral usualmente trabalha pelo meio. Desta vez procurou mais o lado, ao ver o centro congestionado. Um bloco de sete jogadores do La Calera defendia a entrada da área.

Da beira do campo, Rogério Ceni demonstrava preocupação especial com a linha defensiva. Orientava o posicionamento avançado e contava com Filipe Luís como grande assistente técnico dentro de campo. Não foram poucas as vezes em que o lateral abriu os braços e gritou aos companheiros de zaga – entre eles um volante de ofício – para avançar a linha diante quando a bola estava com o adversário. O Flamengo era soberano no jogo. Faltava ser mais agressivo e acelerar os passes. Se houve dificuldade pelo meio, até para chutes de fora da área, o time passou a trabalhar a bola com calma. Girar de um lado a outro. Tanto com inversões mais longas quanto com passes mais curtos. Tentar ao menos esgarçar a defesa rival e busca espaços especialmente na área. E ele veio.

Arrascaeta abriu à esquerda, livre, enquanto Bruno Henrique invadiu a área para preocupar os zagueiros. O uruguaio rolou para Gerson na entrada da área. Na quebrada para a esquerda, o meio campista devolveu no Camisa 14. Valencia, que tinha feito o movimento para dentro com o passe para Gerson, não conseguiu girar e acompanhar a volta da bola. Arrascaeta, brilhante como sempre, tocou de primeira para Gabigol explodir na área pequena área e tocar para o gol. 1 a 0. Foi o suficiente para desestabilizar o La Calera. Avançou desordenadamente, com vários jogadores, e permaneceu apenas com dois no campo defensivo. Não poderia perder a bola. Mas perdeu.

Everton Ribeiro sofre críticas recentes pelo seu desempenho. De fato está longe do brilhantismo que já apresentou. Mas a função de organizar o lado direito com a perna esquerda, ocupar o centro para ajudar na marcação e abrir espaço para Isla é difícil de executar. Característica quase única no elenco. Se não combate à frente tem ajudado bem exatamente no sistema defensivo. Foi ele quem deu o bote no meio e esticou para Arrascaeta. Dar espaço para este Flamengo é fatal Dali a Bruno Henrique, que devolveu. E o uruguaio entrou livre na área, com toque sutil na saída do goleiro. 2 a 0. O jogo parecia resolvido no primeiro tempo. E praticamente estava. Mas a postura do Flamengo ao voltar para o segundo tempo deu um molho especial para a partida.

Ao fim, um time com espaços para avançar e municiar os atacantes

Em vez da pressão na saída de bola, um time com marcação mais distante. E desconcentrado. O La Calera inverteu os papeis: passou ele a pressionar a saída rubro-negra em busca de recuperação rápida para surpreender a defesa. Deu certo com 11 minutos, em lance desenhado várias vezes no primeiro tempo. Ramírez teve espaço para trabalhar pela direita e lançar o atacante. Desta vez, Saéz, que entrara no lugar de Cavalleri. A defesa rubro-negra avançou, mas Bruno Viana , desatento, não acompanhou. O atacante recebeu, deu passos à frente e saiu na cara de Diego Alves para tocar com categoria. 2 a 1. O time então acordou.

Saiu do estágio de desconcentração que voltara para a segunda etapa. E passou a repetir o jogo do primeiro tempo, mas com maior facilidade. O La Calera, mais avançado e espaçado, permitiu brechas para arremates de fora da área. Everton Ribeiro e Diego assustaram o goleiro. E Arrascaeta cobrou falta com categoria para a bela defesa de Arias no ângulo esquerdo. Aí vale um parênteses: como é irônico o melhor time do Flamengo depois da era Zico em pouco mais de dois anos não ter conseguido sequer um gol de falta entre os 313 assinalados desde 2019. Fecha parênteses. A rigor, o Flamengo só se assustou mais uma vez na partida, de forma desnecessária. Em recuo de bola de Arão para Diego Alves, que tocou em Isla e daí a Bruno Viana mesmo com pressão rival na área. Saéz quase conseguiu o desarme para empatar o jogo. Um detalhe que vale ser anotado pelo treinador.

Ao fim, um La Calera mais desorganizado, com espaços

De volta com as rédeas do jogo e com um adversário completamente espaçado e desordenado em busca do empate, o Flamengo passeou com facilidade. E justamente com pressão no ataque, ao ocupar o campo ofensivo. Arrascaeta, por dentro, sufocou Castellani e conseguiu travar o passe. A bola saiu para Bruno Henrique. De novo, três jogadores do Flamengo contra dois zagueiros do La Calera. O atacante rolou para Gabigol arrematar de pé direito, em chute cruzado. 3 a 1. A partir daí o resultado estava sacramentado. Mas não com o placar finalizado. Rogério sacou Everton Ribeiro para Vitinho aproveitar o amplo espaço no corredor direito. E de novo adoçou a boca da torcida ao sacar Bruno Henrique e pôr Pedro em campo para formar dupla com Gabigol. Em um contra-ataque com Vitinho disparado pela direita e um cruzamento para a entrada da área, Pedro mostrou o tamanho de sua qualidade. Matou a bola já tirando do adversário, cortou outro defensor e tocou com frieza na saída do goleiro. Um golaço. 4 a 1. Fatura definida no Maracanã de um Flamengo líder de seu grupo.

Um time que teve 22 finalizações contra três do adversário. Não há dúvidas de que é preciso concentração constante e redução do aproveitamento do adversário ao marcar. Por outro lado foi um time mais seguro que em outros jogos, sem ceder espaços por dentro e que impôs uma vez mais seu estilo de jogo na América do Sul. Ocupou o campo rival, pressionou, finalizou e marcou quatro vezes. Não é pouco. É evolução. E há margem para mais. Bem mais.

FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 4X1 UNIÓN LA CALERA

Local: Maracanã
Data: 29 de abril de 2021
Árbitro: José Argote (VEN)
VAR: Não houve
Público e renda: portões fechados
Cartões amarelos: Vitinho (FLA) e Valencia (ULC)
Gols: Gabigol (FLA), aos 30 minutos, Arrascaeta (FLA), aos 33 minutos do primeiro tempo; Saéz (ULC), aos 11 minutos, Gabigol (FLA), aos 33 minutos e Pedro (FLA), aos 39 minutos do segundo tempo

FLAMENGO: Diego Alves, Isla, Willian Arão (Léo Pereira, 44’/2T), Bruno Viana e Filipe Luís; Diego (João Gomes, 44’/2T), Gerson, Everton Ribeiro (Vitinho, 36’/2T) e Arrascaeta (Michael, 44’/2T); Bruno Henrique (Pedro, 38’/2T) e Gabigol
Técnico: Rogério Ceni

UNIÓN LA CALERA: Arias, Ramírez (Fernández, 35’/2T), Christian Vilches, García e Oyanedel; Castellani (Liuzzi, 35’/2T), Valencia (Ariel Martínez, 26’/2T), Wiemberg e Vargas (Valdivia / Intervalo); Cavalleri (Saéz / Intervalo) e Andrés Vilches
Técnico:

Os comentários estão encerrados.