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Elenco enxuto e organização: não há como duvidar deste Botafogo

Difícil duvidar deste Botafogo desde a última temporada. De briga contra o rebaixamento a vaga na Libertadores. Neste ano, de novo surpreendente na competição sul-americana. Não é o caso de subvalorização. Há limitações no Alvinegro. A primordial, financeira, resulta em um elenco enxuto que, diante de lesões e suspensões, tem se superado sob a batuta de um impecável trabalho de Jair Ventura. Trabalhar no limite, no entanto, pode custar caro em um campeonato tão longo como o Brasileiro. Principalmente se a atenção, por conta de sucesso, tiver de continuar a ser obrigatoriamente dividida entre duas competições pesadas.

O início da temporada permitiu ao Botafogo poupar quase metade do elenco para a disputa ferrenha na Libertadores, iniciada de maneira tão precoce. Ignorar o Estadual, com menor prestígio, era de fácil explicação para a torcida. O clube se preparou para voltar à América. O Estádio Nilton Santos, o Engenhão, teve carnês disponibilizados e para completar a alegria botafoguense, Montillo foi contratado como astro para a Libertadores. Mas, no frigir dos ovos, Jair teve de continuar a mostrar a incrível capacidade como técnico, de adaptar o elenco a diversas situações. Formou um time camaleão tentando ajustar peças.

O planejamento indicava ter de conviver com a doce dor de cabeça de tentar escalar, juntos, Camilo e Montillo. A bola rolou na Libertadores e Jair tentou. 4-2-3-1 nas partidas em casa contra Olimpia e Estudiantes, com Camilo sacrificado no canto direito, Montillo centralizado e Pimpão à esquerda. Opção mais ofensiva para as partidas no Nilton Santos. Longe do Rio, Jair não teve de lidar com o problema de optar por um dos meias diante das seguidas lesões do argentino. Montillo, neste ano, jogou 787 minutos em 11 jogos, menos da metade do total disputado pela equipe na temporada. Mas o time sustentou bem.

Montillo e Camilo juntos: jogos em casa

Sem o meia, Camilo voltou a ser o principal responsável pela criação de jogadas e o Botafogo se ajustou em um 4-4-2 extremamente organizado. No papel, três volantes, com Airton, João Paulo e Bruno Silva ao lado de Pimpão na linha atrás da Camilo e Roger. Na prática, Bruno Silva é quase um meia e avança com facilidade pelo lado direito, um setor problemático na lateral. Jonas, Marcinho e Luís Ricardo acabaram lesionados. Marcelo, zagueiro improvisado, também acabou machucado. Jair teve, então, de posicionar Emerson Santos no setor. Funcionou bem. O time teve solidez defensiva e uma obsessão tática para contragolpear e derrotar o atual campeão da Libertadores, o Atlético Nacional, na Colômbia. A velocidade de Guilherme, arma de segundo tempo, e Sassá, é primordial para desenvolver este tipo de jogo. Mas o caráter do Brasileiro é diferente.

Embora tenha perdido a última partida em casa na Libertadores para o Barcelona de Guayaquil, a situação para classificação é bem confortável. A partir daí, o time teria de se dividir entre a competição sul-americana e o Brasileiro. Mas o porém: não será possível escalar um time inteiramente de reservas em partidas seguidas da maior competição nacional. O resultado fatalmente seria ficar fora de qualquer disputa na parte superior e ainda arriscar a permanência na Primeira Divisão em caso de uma sequência de derrotas. Tarefa difícil que o clube não teve pela frente em 2016.

4-4-2: organização obsessiva

A extrema organização deu ao time o caráter competitivo necessário para uma competição de pontos corridos e moldou ao estilo de enfrentar grandes mata-matas. Mas em 2016 o Botafogo teve a Arena da Ilha do Governador como fiel parceira. Lá derrotou, por exemplo, o campeão Palmeiras e arrancou um empate com o arquirrival Flamengo após estar perdendo por 3 a 1. O abafa da torcida fazia diferença com cerca de 15 mil pessoas no estádio. Neste ano, o Nilton Santos, o Engenhão, está de volta. A média como mandante da temporada, de 16.550 pagantes, fica aquém do necessário para transformar um estádio de 40 mil lugares em um caldeirão.

O controle e profundo conhecimento de elenco de Jair Ventura são características valorosas para atravessar mais um longo campeonato. Saber dosar a utilização dos jogadores em conjunto com os departamentos médico e de fisiologia será essencial. Jefferson, goleiro e ídolo da torcida, deve finalmente voltar à ativa após um ano no estaleiro. A temporada alvinegra começou a todo vapor bem antes da maioria dos rivais. No dia primeiro de fevereiro, o time titular já disputava um mata-mata de Libertadores contra o Colo-Colo. Diante do que já mostrou, a equipe tem condições de, mais uma vez, ficar na parte de cima da tabela e até mesmo brigar de novo por uma das vagas na Libertadores, estendida até o sexto lugar. Há barreiras. Mas não há como duvidar deste Botafogo.

Botafogo na temporada como mandante:

 

 

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