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Surpreendente, competitivo, mas ainda uma incógnita: o 2017 do Vasco

Nenê Pikachu São Januário Vasco Avaí

A nau vascaína rompeu 2017 com a crença até ingênua de que seria possível navegar tranquilamente pela temporada com os mesmos marinheiros. Um time experiente, maduro até demais em um futebol cada vez mais impactado pelo ritmo alucinante das partidas. Rodrigo, Rafael Marques, Andrezinho, Nenê, Julio dos Santos. Uma turma que já não tinha sobrado na Série B de 2016. A pancada sofrida diante do Fluminense logo na estreia do Carioca, um estrondoso 3 a 0 no Engenhão, deixou tudo às claras: era necessário mudar. O Vasco demorou, mas conseguiu corrigir sua rota ao longo da temporada, entre uma e outra tempestade. Da maior, porém, não se livrou: a pesada nuvem política continua sobre São Januário.

A fórmula indicada pelo presidente Eurico Miranda foi velha e tradicional: privilegiar os medalhões e trazer um símbolo para a equipe. Luis Fabiano voltou da China com esse peso. Antes, o time sofria na mão de Cristóvão Borges. Convicto de que a equipe deveria pressionar o adversário no ataque, o técnico não conseguia bolar uma maneira para proteger a defesa. Era alvo fácil até diante de times de menor porte. Mas a ficha só caiu, mesmo, com a eliminação precoce na segunda fase da Copa do Brasil diante do Vitória. Era um Vasco ainda excessivamente dependente de Nenê, pouco criativo. Não havia como manter Cristóvão.

Mas foi apenas um meio choque. A chegada de Milton Mendes não representava uma troca completa na filosofia da Colina. Rodrigo, Andrezinho e companhia continuavam em São Januário. O técnico, com um estilo menos pesado, tentou levar a São Januário um pouco mais de leveza. De cara tornou o Vasco um pouco mais competitivo, com pontas rápidos. A conquista da Taça Rio em cima de um Botafogo misto enganou os mais otimistas. Mas o peso do sistema defensivo lento seria novamente exposto diante do Fluminense. 3 a 0 que acordou os realistas. O Vasco, sim, precisaria mudar de fato.

Rodrigo, Andrezinho e Julio dos Santos deixaram o clube. Nenê corria o mesmo risco. A volta à Primeira Divisão diante do campeão Palmeiras deu novo choque de realidade. Talvez o mérito do Vasco na temporada tenha sido esse. Mudou quando necessário. Não entregou mais tempo a fórmulas que claramente davam errado. Era impossível encarar um Campeonato Brasileiro com a dupla de zaga formada por Rafael Marques e Jomar. Breno e Paulão foram medidas imediatas. O Vasco corria contra o tempo no início do Brasileiro.

Milton Mendes se decidiu pela alternância entre Nenê e Luis Fabiano. Deixaria o time mais leve, jovem, com Mateus Vital, Pikachu e Kelvin. Os pontos somados com o protagonismo de Luis Fabiano em São Januário davam confortável distância da zona de rebaixamento. Ocorre que a briga política em São Januário, principalmente em ano eleitoral, é um entrave a ser superado. Em um primeiro momento, o time sucumbiu à pressão diante do Flamengo. Em casa, o show de horrores provocado após a derrota no clássico comprometeu o futuro vascaíno na competição. Cinco jogos sem vitória condenaram Milton Mendes.

Sempre boquirroto, Eurico Miranda foi certeiro na contratação do substituto. Zé Ricardo, recém-demitido pelo Flamengo, tinha o tamanho ideal para a empreitada. Zé fracassara ao tentar alçar grandes voos no rival recheado de estrelas. Mas sabe montar equipes competitivas. Já sem Douglas, vendido ao Manchester City, mas com o reforço de Anderson Martins na zaga, Ramon na lateral e Wellington no meio, o Vasco encontrou um caminho. Sentiu-se seguro para aliar a experiência de Nenê com o surgimento de jovens como Paulinho e Paulo Vitor. Dedicou-se a ser competitivo. O sétimo lugar e a consequente vaga para a fase preliminar da Libertadores surpreendeu. Mas, de novo na América, o Vasco é uma incógnita para 2018.

Não pelo lado esportivo. Zé Ricardo parece seguro no cargo e pronto para tornar o time de qualidade técnica modesta competitivo. Mas o Vasco carrega a nefasta tradição de ser um clube com eleições intermináveis. Não há, no dia 31 de dezembro de 2017, a certeza sore quem comandará o clube no próximo triênio. Sob alegação de fraudes, o pleito agora corre na Justiça. Fato que carrega incerteza para dentro do clube. Esportivamente, o Vasco surpreendeu quem apostava em mais uma luta contra o rebaixamento. Mas a nau segue rumo a mares desconhecidos justamente por não ter certeza de quem será seu comandante.

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